Politica

Dobradinha entre PSB e PSD fortalece capacidade de influenciar votações

Paulo de Tarso Lyra
postado em 03/11/2011 07:38
A aliança política entre o PSB do governador de Pernambuco Eduardo Campos e o PSD do prefeito Gilberto Kassab repete a estratégia adotada pelos socialistas em negociações políticas anteriores, especialmente naquelas que culminaram com o apoio de PSDB e PT à eleição da deputada Ana Arraes ; mãe de Campos ; para o cargo de ministra do Tribunal de Contas da União (TCU). Com uma aprovação maciça no governo e uma liderança estadual consolidada após uma vitória acachapante para a reeleição, Eduardo Campos começou a arriscar-se mais politicamente em busca de visibilidade nacional. E constrói pontes em diversos setores políticos para ter mais opções em 2014 além da natural candidatura ao Senado por Pernambuco.

Neto de Miguel Arraes, Eduardo sabe que não pode se expor demais porque ninguém consegue se manter como pré-candidato durante três anos sem se desgastar politicamente. Por isso, justifica suas ligações com os diversos partidos com base em um momento atual. No caso do PSD, a parceria visa a alianças no Congresso, especialmente a dobradinha para a votação da PEC que prorroga a Desvinculação dos Recursos da União (DRU). Mas o partido de Kassab sabe que deve muito ao governador pernambucano. ;Parte de nossa existência tem de ser creditada ao PSB e somos gratos por essa oportunidade;, ressaltou o líder do partido na Câmara, Guilherme Campos (SP).

Embora os dois lados considerem prematuro, alguns interlocutores lembram que a dobradinha PSB-PSD, somada ao PCdoB e PTB, eleva o grupo a mais de 110 parlamentares, maior do que PT e PMDB, e com força suficiente para influenciar as eleições para a presidência da Câmara em 2013. ;É muito cedo para dizer qualquer coisa. O que posso assegurar é que é uma aliança que pode ter desdobramentos;, disse ao Correio o líder Guilherme Campos.

Gratidão
Na campanha vitoriosa que elegeu Ana Arraes, Eduardo Campos estendeu os braços para dois polos aparentemente antagônicos. Os petistas não queriam apoiar Ana, pois sabiam que isso daria força ao governador de Pernambuco. Ele procurou então o ex-presidente Lula, fechou o apoio do petista e este dobrou o partido. O acordo amarrou os dois. Lula sinalizou para o PMDB, parceiro preferencial no condomínio presidencial de Dilma Rousseff, que o PSB pode, sim, ser um aliado palpável para a eleição de 2014.

Por outra frente, o governador de Pernambuco contraiu mais uma dívida de gratidão com Lula. Mais uma porque petistas, tucanos e os próprios integrantes do PSB reconhecem que a parceria entre Eduardo e o ex-presidente da República é praticamente indissolúvel. ;Eduardo não pode romper com Lula porque sabe o quanto o governo federal ajudou no desenvolvimento de Pernambuco nos últimos quatro anos. As divergências dele são com o PT, não com Lula;, confirmou um dirigente do PSB.

Mesmo assim, o socialista flertou com o tucanato. Seu canal de diálogo mais próximo é o senador Aécio Neves, provável candidato do PSDB à eleição presidencial de 2014.

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