Politica

Estudante da UnB que protestava contra o Código Florestal é agredido

Júnia Gama
postado em 09/11/2011 08:04
Rafael cai ao chão no momento em que recebe o disparo do taser: descarga pode chegar a 50 mil volts
Um protesto de estudantes da Universidade de Brasília (UnB) contra a aprovação do novo Código Florestal terminou em agressão e resultou na detenção de um dos manifestantes. O aluno de geologia Rafael Pinheiro Rocha, 22 anos, recebeu o disparo de uma arma paralisante elétrica chamada taser e foi arrastado até a sede da Polícia Legislativa. Ele foi indiciado por desobediência e resistência e deverá responder a processo na Justiça. O incidente ocorreu por volta das 12h30 e Rafael só foi liberado às 16h, após prestar depoimento. Ele estava abalado e não quis falar com a imprensa. Mas o pai do jovem, que o acompanhou, disse que não pretendia processar os seguranças.

Antes do episódio, cerca de 15 estudantes acompanhavam a votação do código, gritando palavras de ordem no corredor em frente à sala onde foi realizada a reunião conjunta das comissões de Ciência e Tecnologia e de Agricultura e Reforma Agrária. Quando a sessão chegou ao fim, com o texto aprovado, os senadores que tentavam sair da sala foram cercados. A confusão se acirrou quando Caio de Miranda, 22 anos, estudante de antropologia da UnB, tentou colar cartões vermelhos nas paredes e foi impedido por seguranças. Houve confronto e Rafael tentou apartar a briga, mas acabou sendo imobilizado.

O rapaz recebeu voz de prisão e se jogou ao chão. Os policiais o arrastaram pelo corredor das comissões até o elevador que dá acesso à sede da Polícia Legislativa, na garagem. Ao chegar em frente ao elevador, o estudante reagiu com socos e pontapés para se desvencilhar dos seguranças e foi atingido por um disparo do taser, que pode gerar carga de até 50 mil volts.

Segundo Pedro Ricardo Araújo, diretor da Polícia Legislativa do Senado, o equipamento é utilizado desde 2005 no Congresso e foi acionado ao menos em outras cinco ocasiões. Mas, pela primeira vez, o alvo foi um manifestante. Pedro Ricardo afirmou que o uso se justificou para evitar um ;confronto direto;, mas ressaltou que não houve excessos.

Em frente à sede da Polícia Legislativa, o grupo de estudantes ; que, segundo eles próprios, é o mesmo que tem protestado contra as obras no Setor Noroeste ;, fez ameaças: ;Amanhã vai ser pior;, gritaram, referindo-se à mobilização prevista para hoje, durante a votação dos destaques ao texto do Código Florestal. A matéria ainda será analisada na Comissão de Meio Ambiente do Senado antes de seguir a plenário.

Afastamento
Na tarde de ontem, o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, enviou ofício ao Senado pedindo explicações ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), sobre a detenção de Rafael. ;Os meios de contenção utilizados parecem exceder as regras internacionais;, disse, em nota. À noite, Sarney determinou o afastamento do policial legislativo envolvido no incidente, mas o nome do servidor não foi divulgado. O senador exigiu que os ;lamentáveis acontecimentos; sejam apurados em até 15 dias. Segundo documento expedido pela Secretaria de Comunicação, ;o Senado jamais tolerará violência ou qualquer tipo de abuso contra aqueles que se dirigem à Casa para defender suas ideias democraticamente;.

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