Politica

Gleisi chama atenção de Lupi sobre a declaração de que só saíria "à bala"

Paulo de Tarso Lyra
postado em 10/11/2011 07:39
Lupi vai depor hoje em comissão da Câmara: acordo com governistas para ir por
Durou menos de 24 horas a certeza do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, de que a presidente Dilma Rousseff não possa demiti-lo do cargo após as recentes denúncias de irregularidades na pasta. Um dia depois da entrevista coletiva em que afirmou que só deixa o cargo ;à bala;, Lupi foi enquadrado pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Ela deixou claro ao colega de Esplanada quem realmente manda em um sistema presidencialista. ;Qualquer ministro sabe que quem convida ou demite um ministro de Estado é o Presidente da República, no caso a presidente Dilma Rousseff;, disse a ministra, durante reunião com Lupi no Palácio do Planalto.

Ambos tinham uma reunião conjunta para tratar da implantação do ponto eletrônico nas empresas. Assim que a reunião administrativa se encerrou, Gleisi e Lupi tiveram uma conversa reservada. ;Eu entendo que as palavras possam ter sido ditas motivadas pelo estresse ou pelo calor do momento. Mas você se excedeu ao dizer o que disse;, repreendeu a ministra.

Lupi entendeu o recado. Após a abertura do encontro sobre estratégia de inclusão produtiva urbana do Programa Brasil sem Miséria, no Centro de Convenções Brasil 21, o ministro afirmou que, em nenhum momento, quis desafiar o poder da presidente Dilma. Alegou que, na verdade, o desafio lançado havia sido mal interpretado.

O ministro disse que, de fato, estava questionando a onda de denuncismo existente no país. ;Eu estou desafiando aqueles que maculam a honra das pessoas sem direito de defesa. Estou desafiando aqueles que mentem. Estou desafiando aqueles que usam da mentira, um instrumento para acabar com a reputação das pessoas;, declarou Lupi.

Leitura dos jornais
Antes mesmo da conversa com Gleisi, Lupi havia admitido aos aliados no partido que tinha falado mais do que devia na véspera. Ele percebeu o erro em questionar o poder presidencial durante a leitura dos jornais, logo pela manhã. ;Lupi me ligou e disse que o calor do debate e as reiteradas manifestações de apoio tinham deixado-o entusiasmado e, por isso, não medira as consequências do que havia dito;, afirmou o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP).

[SAIBAMAIS]Apesar do enquadramento palaciano, o ministro manteve o tom arrogante ontem, ao dizer que já tinha dado todas as respostas que tinha que dar, apresentado os documentos necessários para sua defesa e que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, já tinha dito que nenhuma das atuais acusações estão ligadas diretamente a ele. E ainda brincou, ao responder se ele poderia ser a bola da vez das demissões ministeriais. ;Só se for a bola sete, que é a bola que dá a vitória;, provocou. O ministro vai hoje à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara para defender-se das denúncias que atingem a pasta. Por um acordo de lideranças governistas, ele não foi convidado nem convocado. Vai por livre e espontânea vontade.

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