postado em 12/11/2011 09:14
O atraso no cronograma das obras da Copa do Mundo já causa impacto na fonte de financiamento dos empreendimentos, especialmente os voltados à mobilidade urbana. Os governos estaduais já cortaram R$ 1,1 bilhão em recursos de contrapartida depois de avaliar que muitos projetos não estarão 100% concluídos até 2014. Os estados não querem comprometer recursos com empreendimentos que ficarão pela metade até a data do Mundial. A ineficiência na execução dos planos estabelecidos na Matriz de Responsabilidades assinada em 2010 está transformando essas construções em arremedos dos projetos pensados para preparar as cidades sedes para a competição.
Em São Paulo, por exemplo, na atualização da Matriz de Responsabilidades publicada na quinta-feira pelo Grupo Executivo de acompanhamento das ações relativas à Preparação e à Realização da Copa do Mundo (Gecopa), a obra que dará origem ao monotrilho para integrar o Aeroporto de Congonhas ao metrô da capital teve a estrutura inicial reduzida em 39,5%. Em vez de construir 17,7 quilômetros de conexões, integrando 18 estações de metrô, o governo agora trabalha com a previsão de entregar, até 2014, um monotrilho que percorrerá 7 quilômetros, passando por oito estações. Os investimentos caíram de R$ 3,1 bilhões para R$ 1,8 bilhão.
A assessoria do Comitê Paulista da Copa do Mundo informa que o volume de recursos destinado ao monotrilho foi reduzido porque o estado diminuiu o montante da contrapartida de R$ 2 bilhões para R$ 799,5 milhões, pois os investimentos estaduais serão calculados pelo trecho que será entregue até a competição. Após 2014, o estado assumirá o empreendimento sozinho, segundo a assessoria.
Os investimentos para as obras de mobilidade urbana e reforma do Estádio Castelão, em Fortaleza, também sofreram cortes. Ainda no Ceará, os recursos para a construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no trecho Parangaba/Mucuripe foram de R$ 330,7 milhões para R$ 265,5 milhões. A redução de mais de R$ 65 milhões em investimentos para a obra também se deve a corte nos valores da contrapartida. A estimativa de investimentos para a reforma do Castelão chegava a R$ 623 milhões quando a Matriz de Responsabilidades foi assinada ; agora, é de R$ 518,6 milhões.
Em Belo Horizonte, a construção de um corredor exclusivo para o Bus Rapid Transit (BRT) na avenida Pedro II foi suspensa, pois a prefeitura chegou a conclusão de que o custo das desapropriações seria mais oneroso do que a estrutura viária. Com isso, o projeto, estimado em R$ 231 milhões, caiu para R$ 27,9 milhões e a proposta do BRT foi substituída por um corredor simples de ônibus.
Exceções
De acordo com a atualização da planilha de investimentos das obra da Copa, Cuiabá é um dos poucos exemplos de cidade sede que ampliou o montante aplicado em mobilidade urbana. A capital matogrossense investirá R$ 142,7 milhões a mais do que o R$ 1,29 bilhão previsto para construir um acesso à Arena Multiúso Pantanal.
Apesar de alguns estádios terem sofrido corte no montante de recursos, o total de verbas destinadas às arenas aumentou de R$ 5,8 bilhões para R$ 6,6 bilhões desde que a Matriz de Responsabilidades foi assinada. Os recursos destinados ao Itaquerão (ou Fielzão, como chamam os torcedores do Corinthians, time proprietário da arena) subiram de R$ 400 milhões para R$ 820 milhões.