Politica

Aldo Rebelo enfrenta negativas na hora de escolher os subordinados

postado em 13/11/2011 09:27

Há 13 dias no comando do Ministério do Esporte, Aldo Rebelo passa por uma verdadeira gincana para tentar conseguir montar a equipe. Com a determinação do Planalto de compor o ministério com técnicos, o problema do novo ministro não é falta de nomes, mas os salários que o setor público oferece e o ;campo minado; que a Esplanada se tornou com as constantes denúncias. O próprio Aldo assumiu a pasta após ver o antecessor, Orlando Silva, cair em meio a suspeita de irregularidades.

Apesar de ter se tornado uma vitrine em decorrência da proximidade da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, Aldo ainda precisa suar para convencer técnicos do setor privado que queiram desembarcar no ministério. Hoje o valor mais alto de salário oferecido é R$ 22.357,88. Esse montante é pago para o cargo de secretário executivo. Os demais secretários ganham entre R$ 20.252,57 e R$ 21.450,16 ; Aldo recebe R$ 26,7 mil. Um dos convidados no início do mês para assumir como Secretário de Esporte Nacional foi o iatista Lars Grael, que já trabalhou na pasta em 1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

;O Lars ganha só com consultoria 50 vezes mais do que no ministério. É difícil que alguém abra mão disso;, disse um integrante do PCdoB que acompanha de perto as discussões sobre a tentativa de montagem da equipe no ministério. Segundo ele, desde que assumiu o posto, Aldo já conversou com vários técnicos, mas não teve resposta definitiva de nenhum deles. ;Se não conseguirmos trazer do setor privado, vamos buscar dentro do partido;, ressaltou.

Entre os nomes do PCdoB sondados para assumir o cargo de secretário executivo está o da paulista Nádia Campeão. Na análise de integrantes da cúpula do partido, há dificuldades de trazê-la em razão de ela ter assumido recentemente o posto de presidente do PCdoB em São Paulo. ;Ela é uma peça fundamental lá, pois está envolvida no processo eleitoral do próximo ano;, ressaltou outro integrante da cúpula do PCdoB.

O aquecimento no mercado interno do país é um dos principais fatores apontados por especialistas como gerador de supersalários no setor privado. ;Aqui no país nos dois últimos anos os salários aumentaram de 30% a 40% nos níveis executivos. Hoje um CEO de uma empresa média a grande ganha de R$ 60 mil a R$ 100 mil por mês;, ressaltou Bernardo Entschev, presidente da De Bernt Entschev Human Capital, empresa especializada em recrutamento de executivos.

Para Entschev, um dos fatores para esse cenário tem relação direta com a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, que deverão ficar sob a coordenação do ministério. ;Com a proximidade dos eventos, as empresas nacionais e multinacionais estão tendo que produzir ainda mais. Isso gera um efeito cascata no mercado para atender as demandas;, avaliou.

Denúncias
Outro fator que afasta os executivos de uma cadeira nos ministérios é a possibilidade de ver o nome envolvido em alguma denúncia. ;Vivemos um momento de campo minado. E ter o nome exposto nas manchetes é ruim para qualquer um;, disse outro aliado de Aldo, que também acompanha a dança das cadeiras no ministério.

;Não importa se a reportagem vai ser verdadeira ou não. Depois, para o funcionário retornar ao mercado, é muito difícil;, ressaltou Bernardo Entschev. ;Temos exemplo de que na hora de um profissional ter entrado numa seleção, os entrevistadores associaram o nome dele à época em que houve problemas no Ministério por onde ele passou. Os recrutadores gentilmente tiram o nome dele da seleção.;


R$ 22.357,88
Salário mais alto disponível no Ministério do Esporte para cargos de livre nomeação

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