postado em 18/11/2011 07:50
O depoimento do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, no Senado não o tirou de foco nem alterou a disposição da presidente Dilma Rousseff em substituí-lo. Mas garantiu a ele mais algum período no cargo. A avaliação no Planalto é a de que o estrago político causado pela sucessão de versões a respeito da viagem ao Maranhão e as suspeitas de desvio de verbas de ONGs ligadas ao Ministério do Trabalho não se diluíram diante das declarações do ministro ontem (17) no Congresso. O governo considera que Lupi, entretanto, foi apenas ;mais brando e humilde; sem bravatas do tipo, ;só saio à bala; ou ;Dilma, eu te amo;, mas não desfez a impressão de que mentira no depoimento inicial nem apresentou provas a respeito do uso de um avião particular, oferecido pelo empresário Adair Meira, dono de uma ONG que tem contatos de R$ 10,4 milhões com o Ministério do Trabalho. Da parte do PDT, Dilma agora pode trocá-lo a hora que achar conveniente.;Estamos caindo nessa farsa de achar que são os partidos que definem ministros. Quem decide é a presidente. Ela deve fazer realmente o que quer. O que estamos vivendo é algo útil à popularidade da presidente, que deixa a fritura rolar e depois demite. Quando demite, a popularidade sobe. Não dependo de cargos para apoiar os bons projetos do governo;, comenta o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).
A bancada do PDT jantou na quarta-feira com Lupi na casa do líder do partido, senador Acyr Gurcacz (RO). Estiveram lá ainda os senadores Pedro Taques (MS) e Cristovam Buarque (DF), e o presidente do PDT, André Figueiredo. Ali, Lupi fez uma prévia do depoimento que repetiu ontem no Senado. Estava prevista ainda uma reunião da bancada do PDT na Câmara, que ficou para semana que vem, quando os congressistas que emendaram o feriado retomam suas atividades no Congresso. Lupi contou aos senadores que, na conversa com a presidente Dilma na tarde daquele dia, ela ligou para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, por um telefonema colocado no modo viva-voz, disse que, se ele era inocente, deveria permanecer.
[SAIBAMAIS]Dilma ontem preferiu não cuidar do caso Lupi por um motivo muito simples: não queria tirar o brilho do lançamento do programa de acessibilidade, uma iniciativa que lhe dá ;orgulho de ser presidente da República;. De mais a mais, ela já havia dito que só pretende mudar ministros na reforma da equipe prevista para janeiro. Até lá, terá tempo de escolher o sucessor com mais calma. No Planalto, há quem diga que Lupi, entretanto, só sairá antes se houver o risco de as denúncias respingarem no gabinete presidencial. Afinal, se tem algo que Dilma não tolera é ser responsabilizada por malfeitos alheios. É nesse lusco-fusco que Lupi está agora até a reforma ministerial.