Politica

Entrevista: deputada Manuela D'Ávila mira a prefeitura de Porto Alegre

Paulo de Tarso Lyra
postado em 28/11/2011 08:06
Recém-admitida no clube das mulheres de 30 anos ; ;para você ver, o tempo passa; ; e sem fumar há 11 meses, Manuela D;Ávila (PCdoB-RS) prepara-se para disputar a prefeitura de Porto Alegre com chances reais de vencer. Não acha que a pouca idade atrapalhe sua capacidade. ;Fui vereadora e estou no segundo mandato de deputada federal. Acumulei uma bagagem política necessária para me tornar prefeita.; Como fiel militante partidária, joga nas costas das ONGs as irregularidades cometidas no Esporte. Considera a demissão de Orlando Silva necessária, mas injusta. Apesar de não criticar a ;faxina; na Esplanada, afirma que o importante é criar mecanismos de controle para coibir os desvios. ;O factual não resolve o estrutural. Mas isso não se faz em apenas 11 meses.; Confira a seguir os principais trechos da entrevista concedida ao Correio:

O escândalo no Ministério do Esporte afeta a imagem dos candidatos do PCdoB no ano que vem?
Não. Até as eleições municipais há de se ter esclarecido tudo. Além disso, nenhum dos nossos candidatos foi envolvido nesse escândalo.

A relação do partido com as ONGs não se demonstrou, em certos momentos, promíscua?
Nós temos ligações com diversas entidades que não tiveram problema nenhum. Cabe ao ministério fiscalizar? Cabe. Foi o que o ministério fez. Quem deve ser responsável pelas ONGs são os militantes dessas ONGs.

Houve descontrole no Ministério do Esporte?
A crise foi decorrente do que acontecia fora do Ministério do Esporte. É política, fruto da pressão de interesses poderosos aos quais o Brasil vinha resistindo no diálogo com a Fifa sobre a Copa do Mundo.

Muitas dessas denúncias começaram em 2003. Naquela época, nem se falava em Copa do Mundo.
As denúncias não, os fatos. As denúncias começaram agora.

Foi injusta a demissão do ministro Orlando Silva?
Foi necessária. A política não é toda justa.

Houve aparelhamento no ministério?
É um discurso vazio, daqueles que acham que os partidos não servem para a democracia.

Ao aceitar permanecer com o Ministério do Esporte, o PCdoB não se ateve mais à uma pasta do que à história do partido?
O nosso compromisso é com um país que está se desenvolvendo de maneira singular e que enfrenta uma crise econômica de forma diferente de outros países.

Para isso é necessário ter um ministério?
Ocupar uma pasta é uma das formas de dividir poder. Nós temos um projeto político e isso não é um câncer, uma doença, como muitos pensam.

Qual sua opinião sobre esse processo de faxina feito pelo governo federal?
O Brasil precisa dar um salto e ter estruturas mais sólidas de gestão. Talvez seja a principal mudança que a presidente Dilma esteja querendo construir.

A faxina é mais midiática do que prática?
O problema é que o Brasil vive de dar respostas momentâneas. O factual não resolve o estrutural. Mas a gente não muda uma cultura em onze meses.

Trinta anos (idade da deputada Manuela) pesa no desafio de querer ser prefeita de Porto Alegre?
Fui vereadora e estou no segundo mandato de deputada federal. Acumulei uma bagagem política necessária para me tornar prefeita. A idade não é fator determinante para nada na vida.

A senhora foi líder estudantil. A União Nacional dos Estudantes (UNE) virou pelega?
Quem fala isso acha que a UNE tem que ser rebelde sem causa. A UNE tem causas. Se as causas foram atendidas, gritar contra o quê?

O que a senhora achou da invasão do prédio da USP?
Quando fiz parte do movimento estudantil, sempre segui a opinião da maioria. Os estudantes que ocuparam a reitoria não seguiram a opinião da maioria, eles foram derrotados.

A polícia errou?
Nem mesmo durante o período da ditadura militar, a polícia tinha entrado (na reitoria). Não estou falando de segurança pública, estou falando da forma como a polícia tratou um movimento social. Esse é o debate do que aconteceu na USP.

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