Paulo de Tarso Lyra
postado em 08/12/2011 08:04
O deputado Brizola Neto (PDT-RJ) vai defender que o Diretório Nacional do PDT analise, em janeiro, se o ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, tem condições de reassumir a presidência da legenda. Brizolinha, como é chamado no partido, afirma que a crise no ministério desgastou não apenas a imagem pessoal do ex-ministro, mas também a do partido. Com a saída de Lupi, o partido resolveu formar uma comissão, sem a presença do ex-ministro, para negociar com a presidente Dilma Rousseff a permanência do partido no governo e na pasta. ;Foi uma saída para minimizar o desgaste. Tenho dúvidas se o retorno de Lupi à presidência do PDT não vai trazer a crise de volta para o nosso partido;, afirma o deputado.
Durante reunião da Executiva Nacional do partido, na última segunda-feira, Lupi avisou que precisava de cerca de dois meses para recuperar-se do desgaste sofrido com as denúncias de irregularidades nos convênios firmados pelo Ministério do Trabalho. O prazo se encerra no final de janeiro e, em princípio, o pedetista deu sinais de que pretende reassumir a presidência do PDT. ;Não tenho nada pessoal contra o Lupi, mas acho que a instância maior do partido ; o Diretório Nacional ; precisa decidir o que é melhor para nós daqui para frente;, completou Brizolinha.
O presidente interino do PDT, deputado André Figueiredo (CE), afirmou que a reunião do Diretório Nacional deve acontecer na última semana de janeiro. Mas a posição do partido, segundo ele, é pela permanência de Lupi à frente da legenda por ora. ;O Lupi tem nosso total apoio e mandato até 2013. Não existem condições políticas, legais nem estatutárias para justificar uma troca na presidência neste momento;, assegurou o secretário-geral do PDT, Manoel Dias.
Dias afirmou que todos na legenda ; exceção feita à chamada ala dissidente, composta pelo deputado Reguffe (DF), Miro Teixeira (RJ), pelos senadores Pedro Taques (MT) e pelos integrantes do Movimento Resistência Leonel Brizola ; estão plenamente convencidos de que o ex-ministro do Trabalho ;sofreu um linchamento moral sem qualquer prova das irregularidades levantadas;.
Sem reuniões
Brizola Neto defendeu que o partido tenha uma ;postura mais plural;. Uma das queixas, por exemplo, é a ausência de reuniões do Diretório Nacional ; a última aconteceu em 2005. Para que o encontro seja realizado, além da convocação feita pelo presidente interino, um outro caminho é a coleta da assinatura de um um terço dos integrantes do Diretório, ou seja, pouco mais de 100 membros.
Aliados de Lupi criticam a postura de Brizolinha. Afirmam que o ;desespero em tirar Lupi do cargo; decorre do fato de que provavelmente terá que deixar a Câmara no próximo ano. Brizolinha é suplente do secretário de Habitação do Rio, Luiz Zveiter, que pretende concorrer à prefeitura de Niterói, o que o obrigará a deixar o cargo e reassumir sua vaga na Câmara.
O Correio apurou que Brizola Neto tem boa relação com Dilma ; a presidente teria convencido o governador Sérgio Cabral (PMDB) a nomear Zveiter secretário, abrindo uma vaga para o neto do fundador do PDT na Câmara. Mas a presidente não poderá interferir no PDT, legenda na qual Lupi controla totalmente a Executiva e mais de 80% dos votos do Diretório Nacional.