postado em 23/12/2011 10:29
O clima era para ser de fim de ano, mas a perspectiva da reforma ministerial no início do próximo ano tomou conta de parte das conversas informais durante o coquetel que a presidente Dilma Rousseff ofereceu aos líderes aliados e ministros, no Palácio da Alvorada. Assíduo na maioria das rodinhas, o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante (PT), era só sorrisos quando cumprimentado ou perguntado sobre a mudança para o Ministério da Educação. Em nenhum momento disse não haver a perspectiva de assumir o lugar do atual ministro, Fernando Haddad, que deixa o cargo para disputar a prefeitura de São Paulo em 2012. A pasta é a terceira maior em volume de recursos, com previsão de R$ 84 bilhões em 2012.
No Planalto, Mercadante também é tratado como futuro ministro da Educação. Isso porque é ele quem tem mais interface com os programas do daquele ministério. Não haveria, na avaliação de assessores palacianos, descontinuidade das ações. Além disso, ele conquistou muito a simpatia da presidente ao longo desse primeiro ano de governo.
Para o ministro da Ciência e Tecnologia, entretanto, a mudança vai muito além da continuidade dos projetos. No horizonte de Mercadante está a disputa pelo governo de São Paulo em 2014. ;Está caminhando para ser ele. Tudo indica isso porque até agora não saiu nenhum desmentido e nem nada contra o nome dele;, disse um dos caciques da base aliada que esteve na festa. ;Acho que está consagrado;, avaliou outro integrante da cúpula do governo que também circulou pelas rodinhas. Ainda não há uma data certa para a troca, a expectativa é que seja em meados de janeiro ou início de fevereiro.
A ida de Mercadante para o MEC revela que mais uma vez a senadora Marta Suplicy (PT-SP) não é prioridade para o atual governo. Após o ex-presidente Lula e Dilma entrarem em campo, Marta desistiu de disputar as prévias dentro partido Haddad na expectativa que fosse ser contemplada com um ministério. No lugar de Mercadante, segundo conversas iniciais nos bastidores, assumiria algum nome indicado pelo PSB.
As mudanças podem atingir outros ministérios, como o das Cidades, que já foi do PT. O partido deseja voltar à pasta, responsável pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Hoje, é comandada pelo ministro Mario Negromonte (PP) alvo de críticas de parlamentares do próprio partido. Em contrapartida o PP indicaria um nome para a Agricultura, comandado por Mendes Ribeiro (PMDB). Além da Agricultura, o PMDB também pode perder o ministério do Turismo, que serviria como moeda de troca para o PR voltar à base aliada. No troca troca, o PMDB voltaria para o Ministério dos Transportes no lugar do PR. Só que, desta vez, o partido queria mesmo era comandar o Ministério das Cidades. Na base, há quem diga que, se Dilma entregar as Cidades para o PT, o ano começará turbulento.