O governo encomendou à consultoria norte-americana McKinsey uma análise detalhada da eficiência da máquina pública federal. O relatório deve ficar pronto em março e abril e vai avaliar, segundo apurou o Correio, como está o fluxo de informações entre a Casa Civil e as demais pastas da Esplanada. A intenção é medir se os dados compartilhados são suficientes e objetivos para auxiliar a presidente Dilma Rousseff na tomada de decisões estratégicas para o país. E servirá para que ela deixe impressa com mais clareza a sua marca de gestora no início do segundo ano de mandato. Procurada, a McKinsey não se pronunciou sobre o assunto.
No café da manhã de fim de ano com jornalistas no Palácio do Planalto, a presidente Dilma deixou claro que, mais do que promover mudanças estruturais na Esplanada, com fusão de pastas ou extinção de ministérios, ela está preocupada com a eficiência. ;A eficácia de um governo vai se dar quando nós conseguirmos mudar muitas práticas de governança. Estou falando em profissionalismo. Nós temos de profissionalizar o setor público brasileiro;, disse.
A sugestão da consultoria, estimada em R$ 7 milhões, foi feita pela Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, criada por Dilma no início de maio. Presidido pelo empresário Jorge Gerdau Johannpetter ; e incluindo os empresários Abílio Diniz (Grupo Pão de Açúcar), Antônio Maciel Neto (Suzano Papel e Celulose) e Henri Phillipe Reischtul (ex-presidente da Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso) ;, o grupo tem como objetivo sugerir caminhos para acabar com os gargalos e diminuir a burocracia que atravanca o desenvolvimento econômico e social do país.
Os primeiros contatos com a consultoria americana foram feitos em agosto, mas o contrato efetivo foi assinado em meados de novembro, com a intermediação do Movimento Brasil Competitivo (MBC). O diagnóstico vai medir desde o encaminhamento de informações à Casa Civil ; responsável pelo gerenciamento administrativo das grandes ações de governo ; ao acompanhamento e fiscalização para que os projetos e programas desenvolvidos pelo governo cumpram prazos adequados.
Segunda parceria
A McKinsey havia feito um trabalho de consultoria com o Ministério da Defesa na gestão do ex-ministro Nelson Jobim. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva queria buscar alternativas para resolver o caos aéreo. Um dos grandes debates levantados foi a necessidade de construção de um terceiro aeroporto em São Paulo. Os consultores apontaram a baixa viabilidade da iniciativa por considerar que ela afetaria negativamente o modelo de concessão dos aeroportos da região pretendido pelo governo. A ideia foi, então, sepultada. Mas muito dos diagnósticos apresentados pela consultoria serviram de subsídios para a criação da Secretaria Nacional de Aviação Civil.
Outra intenção da nova parceria com os americanos é fortalecer a Subchefia de Análise e Monitoramento da Casa Civil, responsável por acompanhar os grandes projetos de governo e que havia sido desidratada pelo ex-ministro Antonio Palocci. Como essa subchefia era responsável por acompanhar mais diretamente o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que foi transferido, no início do governo, para o Ministério do Planejamento, Palocci acreditou que ela perderia sua função.
O papel do setor, contudo, está sendo retomado sob o comando da ministra Gleisi Hoffmann. Ela tem um perfil mais gerencial e administrativo que seu antecessor e não se vê obrigada a lidar diretamente com a negociação política do Congresso, tarefa que cabe atualmente à ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
Por outro lado, a análise do trabalho interno dos demais ministérios foi intensificada. A avaliação foi iniciada no Ministério da Saúde ; as sugestões para uma maior eficiência no processo de compra de medicamentos para o SUS devem ser dadas nas próximas semanas ; e no Ministério da Justiça, especialmente na Secretaria Nacional de Segurança Pública.
O Ministério da Agricultura também passou a ter seus processos de execução orçamentária, análise de material e eficiência de pessoal analisados. ;Vamos levar 17 meses para as mudanças do trabalho sugerido. Muitos contratos estão suspensos e vamos realizar novas licitações;, afirmou o secretário executivo do Ministério da Agricultura, Eduardo Vaz. O Ministério dos Transportes, o Dnit e a Infraero também serão avaliados.
R$ 7 milhões
Estimativa do contrato assinado com a McKinsey para a realização da consultoria
Colaborou Rosana Hessel