Politica

Desejos de Dilma para 2012: consolidação da economia e Congresso atuante

Paulo de Tarso Lyra
postado em 01/01/2012 08:00

Depois de passar 2011 promovendo trocas de ministros a cada 45 dias no segundo semestre, fechando a torneira orçamentária para conter a inflação herdada do governo anterior e tentando brecar a influência da crise financeira internacional, a presidente Dilma Rousseff espera que 2012 seja um ano para consolidar o mandato. Aos poucos, ela vai liberar os investimentos públicos para que o país possa crescer 5%, tomando cuidado para que a inflação se aproxime do centro da meta de 4,5%. Para isso, precisa torcer, e muito, para que o trem chinês não saia dos trilhos, o que afundaria o mundo em uma prolongada depressão.

No Congresso, a despeito do ano ;mais curto; por causa das eleições municipais, Dilma quer aprovar o Fundo de Previdência dos Servidores Públicos Federais; o Plano Nacional de Educação; o projeto que combate a lavagem de dinheiro e o Código Florestal. Neste último caso, Dilma quer sancionar o projeto para ter uma plataforma política a ser apresentada na Conferência Rio %2b 20, que tratará de meio ambiente e desenvolvimento sustentável e será realizada em junho no Rio de Janeiro.

O ano que começa deve ser um período de poucos lançamentos de programas de expressão ; Dilma quer acelerar a execução das iniciativas apresentadas em 2011. O Pronatec, espécie de Prouni para as escolas técnicas federais, deve ter suas matrículas massificadas em 2012. Mesmo caso do Ciência sem Fronteiras, que concede bolsas de estudo no exterior para graduandos, mestres e doutores.

Dilma quer inserir o Brasil na chamada ;era do conhecimento;. Para isso, luta para aumentar o intercâmbio de estudantes brasileiros com outros países. No planejamento da presidente, não adianta o país crescer se permanecer desigual. Por isso escolheu ;País rico é país sem miséria; como slogan de governo. Dilma acredita que só o aumento do nível educacional brasileiro permitirá um crescimento consistente, sem sobressaltos ou recuos tão comuns em outros períodos.

Recursos ara combater a desigualdade, a presidente deve acelerar a liberação de recursos para os programas sociais, sobretudo o Brasil sem Miséria, que sofreu com a necessidade de contingenciamento de verbas nesse primeiro ano de mandato. E intensificar as assinaturas de contratos com a Caixa Econômica para a construção de residências do Minha Casa, Minha Vida faixa 1 ; destinada a famílias com renda de até
R$ 1,6 mil. A intenção do governo é construir 1,2 milhão de moradias para essa faixa de renda até 2014, o que representa 60% do programa total.

A presidente também quer ver a máquina pública funcionando azeitada. Ela cobrará mais eficiência de todos, especialmente na área da saúde. No primeiro ano à frente do Planalto, Dilma deu atenção especial ao setor: tornou gratuitos medicamentos para hipertensão e diabetes; lançou a Rede Cegonha; e o programa ;Melhor em Casa; para que os pacientes possam ter um tratamento de alto nível em suas residências.

Em 2012, a presidente quer estabelecer metas com estados e municípios para assegurar o fluxo de recursos federais. Governadores e prefeitos que firmarem convênios com a União deverão ter um nível de excelência mínimo, planejamentos criteriosos e elaborados, para que as verbas possam, de fato, ser bem empregadas. Aqueles gestores que se revelarem mais eficientes, terão os repasses fortalecidos.

Com a proximidade da Copa do Mundo ; em 2013 será realizada a Copa das Confederações ;, Dilma sonha em anunciar a entrega dos estádios até dezembro deste ano. A diretoria do Internacional de Porto Alegre frustrou esses planos e anunciou que o Beira Rio só ficará pronto em 2014. Ainda assim, a presidente espera aprovar o mais rapidamente possível a Lei Geral da Copa e lançar, em fevereiro, o edital de concessão de três aeroportos ; Brasília, Guarulhos e Viracopos (Campinas). Se a iniciativa for exitosa, como espera o Palácio do Planalto, a próxima etapa será apresentar editais para o Galeão, no Rio de Janeiro, e Confins, em Belo Horizonte.

Mesmo com os percalços neste primeiro ano no cargo, a presidente chegou a dezembro com uma popularidade maior do que as obtida por Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva no mesmo período ; respectivamente 1995 e 2003. ;Apesar das dificuldades, graças a Deus, esse foi um ano bom. E, com certeza, o próximo será ainda melhor;, apostou Dilma, no pronunciamento de Natal em cadeia de rádio e televisão.

Crise com a Fifa
A Lei Geral da Copa está para ser votada na Comissão Especial da Câmara e transformou-se em uma das principais crises do governo brasileiro com a Fifa. A presidente Dilma insiste na liberação de meia-entrada para idosos e transferiu os debates sobre a extensão dos benefícios aos estudantes para os governadores. Mas o governo brasileiro cedeu e permitirá a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, como queria a entidade máxima do futebol.

Pedidos de réveillon

Pacote econômico

; Assegurar o crescimento da economia em 5%
; Convergir a inflação para próximo do centro da meta (4,5%)
; Torcer para que o trem da China não descarrilhe

Pacote da Copa

; Concluir as obras nos estádios
; Lançar os editais de concessão dos aeroportos de Guarulhos, Brasília e Campinas
; Aprovar a Lei Geral da Copa

Pacote do Congresso

; Aprovar o Fundo de Previdência dos Servidores Públicos Federais; o Código Florestal; o marco civil da internet; o Plano Nacional de Educação e o projeto de banda larga nas escolas rurais; e o projeto de combate à lavagem de dinheiro

Pacote de ações de governo


; Massificar as inscrições no Pronatec e no Programa Ciência sem Fronteiras
; Profissionalizar a máquina pública federal
; Melhorar a gestão na Saúde
; Acelerar a construção de imóveis no Minha Casa, Minha Vida na faixa de até R$ 1,6 mil de renda
; Articular os vários programas lançados ao longo de 2011. Será um ano mais de consolidação do que de grandes anúncios de medidas

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