Politica

Viúva de Luiz Carlos Prestes doa acervo particular ao Arquivo Nacional

postado em 04/01/2012 08:02
Relatório de Prestes: material disponível para pesquisadoresVinte e sete pastas do acervo pessoal de Luiz Carlos Prestes foram doadas ontem pela viúva, Maria Prestes, 81 anos, ao Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. Entre cartas trocadas com os filhos, atas de reuniões secretas, anotações, discursos e fotos, está o Relatório da IV Reunião Anual do Comitê de Solidariedade aos Revolucionários do Brasil, datado de fevereiro de 1976. O documento traz uma lista de 233 militares e policiais que teriam cometido tortura durante a ditadura. No período, Prestes estava exilado na extinta União Soviética, sendo portanto impossível saber se ele participou da elaboração do documento que, mais tarde, teria chegado em seu poder.

A lista se tornou pública em junho de 1978, em um veículo alternativo de imprensa da época, mas agora, assim como todos os outros documentos de Prestes, estará disponível para qualquer cidadão. A previsão do Arquivo Nacional é colocar, ainda no primeiro semestre de 2012, o material para consulta, informou a assessoria de imprensa da instituição. O acervo passará por tratamento para conservação e depois será digitalizado. ;Trata-se de um documento importante, que hoje pode até não ter mais novidade, mas que compõe o quadro de uma época, e que vai servir para a análise e os questionamentos de historiadores;, disse a viúva, sobre o relatório com os nomes dos supostos torturadores.

Na documentação, produzida especialmente nas décadas de 1970, 1980 e 1990, também estão fotos de Prestes. Uma delas, em que o político aparece tomando banho de sol na praia, ilustra a capa da Revista de História, editada pela Biblioteca Nacional, deste mês. A divulgação da imagem foi motivo de briga entre a filha de Prestes com Olga Benário, Anita Prestes, e a viúva, Maria. Anita considerou um desrespeito a publicação, garantindo que o pai discordaria, por ser um homem sóbrio e reservado. Ela também destacou não ter sido consultada sobre a doação do acervo. Anita não compareceu à cerimônia no Arquivo Nacional ontem, quando Prestes, também conhecido como o Cavaleiro da Esperança, faria 114 anos. Gaúcho, ele morreu em 1990, aos 92 anos, no Rio de Janeiro.

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