Paulo de Tarso Lyra
postado em 06/01/2012 07:59
Aliados da presidente Dilma Rousseff avaliam que, apesar de ter apresentado dados insuficientes para explicar a destinação de recursos para prevenção de enchentes, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, foi deixado sozinho na tarefa de justificar os repasses, embora essa seja uma ação que envolve outros ministérios. Causou estranheza no Palácio do Planalto o silêncio do ministro das Cidades, Mário Negromonte, apresentado pelo próprio Bezerra como o responsável pela maior fatia de verbas ; cerca de R$ 11 bilhões ; reservada para ações dessa natureza. Com a corda no pescoço por conta da reforma ministerial, Negromonte teria se calado deixando o desgaste político para ser arcado por Bezerra. O titular das Cidades é criticado pelo seu próprio partido, o PP, que admite que uma das razões para a bancada de parlamentares ter retirado o apoio ao ministro baiano é a baixa execução orçamentária da pasta.
Para interlocutores da presidente, Bezerra está no meio do fogo cruzado político, que tem dois intuitos: fragilizar o PSB na disputa pelo Ministério da Integração Nacional e impor um freio ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, considerado por petistas e peemedebistas como alguém que ;está crescendo demais de olho em 2014;. Para defender-se, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), publicou ontem mensagens no Twitter negando que seu partido esteja ;de olho; na pasta que pertence ao PSB.
PMDB de olho
Mas os socialistas já receberam recados indiretos de que o PMDB pretende retomar o ministério que dirigiu entre 2007 e 2010. ;Estamos querendo intrigar o nosso partido com a presidente Dilma Rousseff, mas não vão conseguir;, disse o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). Essa análise política, contudo, não isenta o ministro da Integração Nacional das críticas do Planalto. Para o governo, o ministro continua se explicando de forma pouco clara, prejudicado pela omissão de outros setores da Esplanada.
[SAIBAMAIS]
Tanto que Bezerra foi obrigado a soltar uma nova nota de esclarecimento. Ele negou que Pernambuco tenha sido privilegiado com recursos em 2012, lembrando que outras bancadas também apresentaram emendas ao Orçamento. Justificou que a MP n; 522 não atendeu apenas as regiões Sul e Sudeste, mas outros estados que sofreram com enchentes, desde que os governadores e prefeitos apresentassem projetos consistentes de obras.