Paulo de Tarso Lyra
postado em 16/01/2012 08:00
Além de se preocupar com a reforma ministerial e com a manutenção de espaços na Esplanada dos Ministérios, os partidos também começam o ano com um novo planejamento pela frente: como evitar que as quedas de ministros no ano passado contaminem a busca por votos nas eleições municipais de outubro. Diante de uma parcela do eleitorado cada vez mais exigente, que faz passeatas anticorrupção nas ruas e defende a adoção da Ficha Limpa para os cargos eletivos, PT, PMDB, PCdoB, PDT, PP e PR desdobram-se para dar explicações convincentes para a população.
O primeiro a agir foi o PR. Com a queda de Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes sob a acusação de comandar um esquema de superfaturamentos e aditivos em obras para abastecer os caixas do partido, os caciques da legenda contrataram consultores especializados em gerenciamentos de crise.
Mas buscaram um caminho enviesado para limpar a própria imagem: eles querem desconstruir o relatório elaborado pela Controladoria-Geral da União (CGU) apontando desvios na pasta. ;São dados inverídicos que não demonstram o envolvimento do PR. Vamos apresentar esse levantamento nos próximos dias, encaminhá-lo à presidente Dilma Rousseff e aos eleitores em outubro;, afirmou o vice-líder do governo na Câmara, Luciano Castro (PR-RR).
O partido não sabe ainda quantos candidatos a prefeito terá em outubro. Mas sabe que a tarefa ficará mais fácil se se concentrar nas pequenas e médias cidades. ;Nos grandes colégios eleitorais, a disputa será mais difícil, vamos tentar aumentar a capilaridade do nosso partido;, completou Castro. Já o PDT, que viu Carlos Lupi ser apeado do Ministério do Trabalho apesar de declarações de amor a Dilma, tem pré-candidatos em 16 capitais. A crise vivida pelo partido levou a uma mudança na estrutura de comando: Carlos Lupi reassumiu a presidência, mas quem dará as cartas nas eleições serão Brizola Neto (RJ) e Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SP).
Impactos
Para o secretário-geral do PDT, Manoel Dias, é evidente que o primeiro impacto na imagem do partido foi negativo. Mas ele espera que essa pressão se dilua ao longo do ano. ;Com o passar do tempo, o eleitorado vai perceber que são denúncias infundadas;, aposta Dias, embora admita que, no partido, não foi feita nenhuma discussão convincente de como evitar que as denúncias ligando o PDT a convênios irregulares para a capacitação profissional sejam ressuscitadas pelos adversários.
Maior partido do Brasil, com mais prefeituras, vereadores, senadores e a segunda maior bancada do país, o PMDB também é aquele que mais ministros teve exonerados por Dilma em 2011: Wagner Rossi na Agricultura e Pedro Novais no Turismo. Presidente em exercício da legenda, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) promete viajar pelo país em março, abril e maio para fechar as candidaturas a prefeito e vereador. O partido quer lançar candidatos em pelo menos 22 capitais. ;O eleitorado vai perceber que os problemas em nossos ministérios não foram provocados pelo PMDB, são coisas que vinham de gestões anteriores;, desconversou.