postado em 29/01/2012 08:00
São Paulo ; O governador Geraldo Alckmin promete empenhar-se para eleger qualquer um dos pré-candidatos que vencerem as prévias de março no PSDB. Por estar no principal cargo executivo ocupado pelo partido no Estado, ele sabe que recairá sobre si a responsabilidade caso o nome dos tucanos não esteja no segundo turno das eleições em outubro. ;São Paulo está investindo R$ 20 bilhões. O governo estadual está com caixa e projetos para apresentar e a capital do Estado está preparada para ser novamente governada pelo PSDB;, disse um dos quatro pré-candidatos, o secretário estadual de Energia, José Aníbal.
Alckmin tem demonstrado desconforto com os movimentos protagonizados pelo prefeito da capital, Gilberto Kassab, do PSD. Kassab espalha que nenhum dos tucanos que disputarão as prévias tem densidade eleitoral e propõe ao PSDB a vaga de vice na chapa do atual vice-governador, Guilherme Afif Domingos.
Como o PSDB está pouco disposto a isso, o prefeito paulistano ensaiou um movimento ousado: foi ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva oferecer um nome da legenda para ser vice do ex-ministro da Educação Fernando Haddad. A proposta repercutiu muito mal no Palácio do Bandeirantes. ;Se ele (o PSD) pode ser vice do PT, por que não pode ser nosso vice? O PT não abrirá mão da cabeça de chapa na prefeitura, por que nós teríamos de fazer isso?;, questionou o governador em reunião com seu staff político.
Aliança
Mais uma vez o fantasma da disputa entre Alckmin e José Serra vem à tona. Serra, que avisou diversas vezes que não é candidato do partido em outubro, trabalha para que seja fechada uma aliança com o PSD de Afif. Alckmin quer puxar a legenda para o outro lado. Mas sabe dos riscos que corre. Se por acaso nenhum tucano passar para o segundo turno ; como Haddad está praticamente garantido na disputa, a segunda vaga seria ocupada pelo peemedebista Gabriel Chalita ;, os serristas irão responsabilizá-lo. E espalharão que o governador agiu assim para apoiar o candidato do PMDB, antigo secretário de Educação estadual e ex-filiado ao PSDB.
Em 2008, a queda de braço entre Serra e Alckmin já produziu esse quadro. Na época, o governador de São Paulo era Serra, e Alckmin, candidato a prefeito. O PSDB rachou, parte ficou com o atual governador e a outra metade apoiou a candidatura de Gilberto Kassab, então no DEM. Kassab, e não Alckmin, foi ao segundo turno e derrotou a petista Marta Suplicy.
Outro pré-candidato do PSDB, o deputado Ricardo Tripoli não acredita que esse cenário se repetirá. Ele lembra que, em 2008, Kassab estava no DEM e era vice de Serra. A situação de Chalita é diferente. ;O PMDB em São Paulo não existe. Eles só têm um vereador. Quem tinha voto no partido era o Orestes Quércia (morto em dezembro de 2010);, afirmou o deputado federal.
O deputado Walter Feldmann reconhece, no entanto, que esse risco existe. Mas, na opinião dele, essa polarização nacional entre PSDB e PT está fazendo mal para os dois partidos, pois eles estão concentrados nos projetos eleitorais. ;Se para refundarmos a nossa legenda for preciso ficar de fora do segundo turno em São Paulo, teremos que pagar esse preço. Só muda quem está disposto a cortar a própria carne;, defendeu. (PTL)