postado em 22/02/2012 07:44
A quarta-feira de cinzas é quando, diz a tradição popular, o ano realmente começa. Para a presidente Dilma Rousseff, este 2012 iniciado ao meio-dia de hoje traz a ressaca da inflação persistente, da indústria fragilizada e das importações em alta. Para completar, ela ainda sofre as dores de cabeça de votações paradas no Congresso e das ameaças de greve do funcionalismo. Será uma quaresma intraquila para o governo. A equipe econômica já se sente frustrada pelo crescimento minguado de 2011, em torno de 2,7%.Quando miram o futuro, os economistas do governo ainda veem o fantasma da crise europeia assombrar investidores e a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país em determinado período).O carnaval, encerrado ontem, foi a trégua de todos esses males. Hoje, porém, a realidade bate à porta novamente. A inflação, apesar de ter desacelerado no acumulado de 12 meses, continua alta: na prévia da carestia oficial de fevereiro, a taxa acumulada está em 5,98%, longe do centro da meta, definida em 4,5%. Apesar da política monetária e da crise que derruba preços das commodities (produtos básicos com cotação internacional), os serviços não cederam e continuam apertando o bolso do consumidor.
Só em janeiro, as matérias-primas encareceram 1,05% ; o dobro do registrado em dezembro. Nos últimos 12 meses, a alta no setor de serviços foi de 9,2%. ;Esse grupo não deu trégua, mas veio dentro do esperado. Essa parte demora mais para ceder e será a última a cair;, diz Carlos Thadeu de Freitas, economista da gestora de recursos Franklin Templeton. Tiago Curado, da Tendências Consultoria, explica que o governo está disposto a bancar um pouco mais de inflação em troca de um empurrãozinho no PIB. Segundo ele, o Banco Central (BC) aproveita a crise internacional e seus efeitos sobre os preços dos alimentos para cortar juros. Porém, na avaliação do economista, essa é uma estratégia perigosa. ;A redução no índice cheio do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) não tem relação com política monetária. Então, cabe ao governo controlar preços e demanda doméstica;, alerta.
A matéria completa você lê na edição impressa do Correio Braziliense desta quarta-feira (22/2).