postado em 06/03/2012 20:22
Brasília ; Insatisfeitos com o que chamam de ;hegemonia do PT" no governo, 26 deputados do PMDB entregaram nesta terça-feira (6/3) ao vice-presidente, Michel Temer, um manifesto da bancada reclamando da relação do governo federal com as bases políticas do partido. O PMDB considera o tratamento recebido pelo governo de ;injusto; e ;desigual;.;Esse PMDB, que hoje tem o vice-presidente da República, encontra dificuldades crescentes para seu fortalecimento político nas alianças que tem hoje com o Partido dos Trabalhadores, particularmente com o governo federal. Todo o processo de decisão das políticas públicas do governo federal, hoje, não passa pela discussão, o debate, com os partidos da base e com o próprio PMDB;, diz o texto, assinado por 53 deputados peemedebistas. O líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves, disse que até amanhã (7/3) toda a bancada deverá chancelar a manifestação.
O deputado Osmar Terra (RS) reclamou da falta de interação do governo com partidos da base e disse que o tratamento desigual pode prejudicar o PMDB nas eleições municipais. ;Não dá para ir para o processo eleitoral dizendo que somos da base do governo quando somos tratados de forma tão desigual. Na prática, o PT quer ser um partido único. Não somos uma sublegenda do PT, temos que ser respeitados;.
Terra disse que os deputados da base aliada só ficam sabendo de anúncios importantes do governo pelos jornais e que só parlamentares petistas acompanham atividades do governo federal nos estados e municípios. ;Esse é um governo de um partido único, os aliados são tratados como meros figurantes;, reclamou.
A disputa eleitoral também é citada no manifesto. ;Estamos vivendo em uma encruzilhada, onde o PT se prepara com ampla estrutura governamental para tirar, do PMDB, o protagonismo municipalista e assumir seu lugar como maior partido com base municipal do país;, diz o texto.
Segundo o deputado peemedebista Eduardo Cunha (RJ), a insatisfação não está ligada à disputa por cargos, mas por um novo tratamento ao partido, principal legenda da base aliada. ;Isso aqui é uma movimentação política que visa a uma mudança de patamar e de tratamento político. Não estamos querendo resposta, queremos uma mudança de tratamento. Isso não se faz com uma palavra, se faz com uma continuidade de ações;.
Cunha lembrou que o PMDB foi fiel ao governo nas votações, no Congresso Nacional, da Desvinculação de Receitas da União (DRU), do salário mínimo e da criação do Fundo de Previdência Complementar do Serviço Público Federal (Funpresp), as mais importantes para a gestão Dilma Rousseff até agora. ;O PMDB foi o partido mais fiel, optou por esse caminho para ter o reconhecimento no tratamento político, e esse reconhecimento não está acontecendo;, queixou-se.
De acordo com os deputados, Temer compreende as reivindicações da bancada e deverá intermediar encontros entre os insatisfeitos, a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais. No dia 17 de maio, o PMDB deve trazer 1,2 mil prefeitos e 8 mil vereadores a Brasília para definir as estratégias do partido nas eleições municipais.