postado em 09/03/2012 09:04
São Paulo - Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, a Comissão de Anistia realiza nesta terça-feira (9/3) na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, sessão especial de julgamento para analisar os processos de sete mulheres que foram perseguidas durante a ditadura militar. ;Vamos ter o julgamento de sete casos de mulheres que alegam ter sido perseguidas. Nesta sexta-feira, elas terão seu processo de reparação apreciado pela Comissão de Anistia;, disse Paulo Abrão, presidente da comissão, em entrevista à Agência Brasil.
A 55; Caravana da Anistia vai julgar os casos de Maria Niedja de Oliveira, Maria Nadja Leite de Oliveira, Maria Angélica Santos Bacellar, Gilda Fioravanti da Silva, Ida Schrage, Hilda Alencar Gil e Darci Toshiko Miyaki. ;O processo de reparação é de construção da verdade ao longo do tempo. E, ao mesmo tempo, um processo de ampla visibilidade das vítimas. Aquelas vozes que foram caladas no passado agora têm a oportunidade de, por meio de um processo de escuta pública, fazer a narrativa da história sob seu ponto de vista, em contraposição àquilo que foi registrado de forma oficial pelos organismos de repressão;, explicou Abrão.
A Comissão de Anistia existe desde 2001. Nesse período, segundo Paulo Abrão, já recebeu mais de 70 mil requerimentos solicitando reparação. Desse total, pouco mais de 60 mil requerimentos foram apreciados. ;Desses 60 mil, um terço dos casos foi indeferido por ausência de comprovação; em outro terço, a reparação foi deferida apenas em âmbito moral, com pedido de desculpas do Estado, mas sem qualquer tipo de reparação econômica; e no outro terço, além da reparação moral, teve também a reparação econômica;, informou. A média das indenizações, segundo ele, é R$ 2,2 mil mensais.
Além do julgamento, também será feita uma homenagem às mulheres que já tiveram seu processo analisado e que receberão hoje a certidão de anistiada política. Na homenagem, será exibido o documentário Vou Contar para Meus Filhos, parte do projeto Marcas da Memória, do Ministério da Justiça, que, segundo Abrão, financia iniciativas de memorização por parte da sociedade civil.