O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, será a primeira autoridade a prestar depoimento na CPI mista que irá investigar as relações do bicheiro Carlos Cachoeira com políticos e empresas públicas e privadas. Assim como o suposto consenso em torno da abertura da CPI, tanto a base aliada quanto a oposição enxergam em Gurgel um elemento menos explosivo para ambos. Ao sentar-se na cadeira de depoente, porém, o procurador-geral da República será o centro do cabo de guerra político travado entre oposicionistas e governistas.
O discurso oficial é de que é preciso obter informações sobre as operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, que culminaram na prisão de Cachoeira. A base aliada, entretanto, pedirá explicações a Gurgel por ter levado cerca de quatro anos para pedir abertura de inquérito contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). ;Ele apresenta muito mais risco para a base aliada, sobretudo porque Demóstenes, da oposição, já está sangrando. Quem garante que as declarações do PGR não vão obrigar a investigação a escolher o Palácio do Planalto como seu norte?;, avaliou um líder governista.