postado em 11/06/2012 22:06
A Comissão da Verdade ouviu nesta segunda-feira (11/6) parentes de mortos durante a ditadura militar e membros das comissões da verdade instaladas na Câmara Municipal de São Paulo e na Assembleia Legislativa do Estado (Alesp).Segundo o coordenador da comissão, ministro Gilson Dipp, novos encontros serão feitos com instituições que trabalham no resgate da memória. ;Esse foi o primeiro contato com esse segmento institucional que vai nos auxiliar de maneira essencial para que os trabalhos atinjam um bom fim;, ressaltou em entrevista. ;Nós temos, por força de lei até, poderes para ter esse complemento com entidades universitárias e todas as instituições do Poder Público;, completou, após lembrar que a Universidade de São Paulo (USP) e a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo também têm projetos semelhantes.
Na semana que vem a comissão deverá terminar de elaborar o plano de trabalho. ;Nós vamos fazer agora um calendário. Mas todas essas pessoas que vocês conhecem, que são controvertidas, que possam informar, todas elas, na época oportuna, serão ouvidas;, explicou Dipp.
O ministro ressaltou que o grupo já tem um espaço físico para desenvolver as atividades, no Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília e já nomeou quase todos os 14 assessores que auxiliarão nas investigações.
A reunião com os parentes das vítimas da repressão foi importante, segundo a integrante da comissão Maria Rita Kehl, para dar contexto ao trabalho. ;Não são coisas que nós desconhecíamos, mas o depoimento direto com emoção de cada pessoa, com a diferença da emoção de cada pessoa, a expectativa, a esperança renovada de cada familiar, nos alimentou muito;.
[SAIBAMAIS]Para o deputado estadual Adriano Diogo, presidente da Comissão da Verdade da Alesp, a reunião ajudou a determinar qual será o campo de investigação de cada grupo. ;Pelo menos agora a gente tem um norte, como se relacionar, qual é o papel de cada um. Acho que é uma coisa importantíssima;.
Carlos Augusto Marighella, filho do ex-guerrilheiro Carlos Marighella, foi da Bahia a São Paulo para participar da reunião. Para ele, a comissão será uma oportunidade de apresentar a versão sobre a história do pai que ele e a ex-mulher de Marighella, Clara Charf, vem tentando conservar. ;A família, eu a Clara, nós temos 40 anos tentando contar essa verdade. Recolhendo documentos, levantando fatos que provam todas essa versões maliciosas ditas contra ele não têm procedência;.
;Ele foi apresentado pela imprensa controlada, manipulada pelos militares, como um terrorista, assaltante de bancos, como uma pessoa até desajustada, entretanto é um grande herói do país;, destacou.