postado em 13/06/2012 17:38
O deputado Onyx Lorenzoni (Democratas-RS) causou confusão na sessão desta quarta-feira (13/6) da CPI mista do Cachoeira ao perguntar se o governador Agnelo Queiroz se ele assinaria um termo garantindo a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico. Agnelo depõe há aproximadamente sete horas no Senado, onde se defende das acusações de ligações com o contraventor.O questionamento do deputado acirrou os ânimos dos apoiadores que começaram a se manifestar na sessão. O governador Agnelo aceitou e disse que não haveria problemas no ato. "A autorização que eu fiz verbalmente eu posso fazer por escrito", disse. Em seguida, ele assinou o documento preparado pela secretaria da CPI.
;Falsas acusações;
Assim como o governador goiano, Marconi Perillo, Agnelo se defendeu, durante todo o dia, das acusações e disse que tudo se trata de uma trama para derrubá-lo do poder, que se valeu "das falsas acusações plantadas no noticiário". "Não há na investigação qualquer ato de participação minha no esquema do Cachoeira ou da empresa Delta", disse. Segundo ele, o GDF tem apenas um contrato com a empreiteira, que foi assinado durante a gestão anterior. "A história que trago a vossas excelências é a de um governo que vem sendo perseguido por um grupo organizado. O meu objetivo é colocar novamente o governo do DF a serviço da população do DF".
Delta
Usando os textos das gravações de escutas telefônicas da Polícia Federal, realizadas durante a Operação Monte Carlo, o petista tentou provar que não teve qualquer participação no esquema criminoso que envolve o contraventor e a empreiteira Delta. Para ele, o objetivo da trama política é "desgastar a imagem do governador até o limite do impossível", disse. "Há três hipóteses para alguém afirmar, com base no oficio, que eu beneficiei a Delta: Primeiro, não leu o documento. Segundo, leu e não entendeu e, terceiro, leu, entendeu, mas movido por motivação partidária, quis me atacar. Vários trechos da Operação Monte Carlo foram selecionados e cuidadosamente distribuídos por vários meios de comunicação. Foi uma operação meticulosa."
[SAIBAMAIS]Sistema de bilhetagem
Para rebater acusações de que o esquema de Cachoeira teria chegado ao Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), Agnelo alegou que, segundo os autos da Polícia Federal, o grupo do bicheiro tentou fraudar o sistema de bilhetagem do DF. "Tentou, mas não conseguiu, porque o DFTrans sequer realizou a licitação", disse. Durante a sessão, Agnelo entregou documentos que comprovam que o GDF também interviu no sistema de bilhetagem somente em junho de 2011. "Caiu o gasto do DF, no subsídio para o transporte público de Brasília, de R$ 9 milhões para R$ 3 milhões. (...) Haviam mais de dois mil cartões clonados".
Cláudio Monteiro e rádio
Ao ser questionado sobre a relação com Cláudio Monteiro, o governador disse que o conhece há muito tempo e que ele é "homem de confiança". O relator da CPI, deputado Odair Cunha, questionou ainda se Cláudio Monteiro teria sido um dos presenteados com um rádio Nextel. Trechos de gravações feitas pela PF, mostravam Cachoeira oferecendo a Dadá chips do aparelho, sugerindo que Dadá os desse a Cláudio Monteiro e Marcelão. "Ele não recebeu rádio nenhum. Se ele recebeu, por que não há nos autos nenhuma gravação dele interceptada?", defendeu o governador.
Demóstenes Torres
Perguntado sobre relação com Demóstenes Torres, ele afirmou que tem "relação extremamente cordial", mas que ficou surpreso com o ataque feito contra ele. "No início não pude entender. Achei que era por solidariedade aos meus adversários. Ele fez um ataque na tribuna do Senado. Fez um requerimento para minha presença aqui. Depois pediu meu impeachment, justamente quando entregamos resultados da auditoria".
Leia amanhã, na edição impressa do Correio Braziliense, a reportagem completa sobre a CPI do Cachoeira.