Sandra Kiefer
postado em 18/06/2012 06:15
No período em que Gabriel (Ângelo Pezzuti) estava preso e tentava estabelecer contato com Mônica (Oroslinda) e com Estela (Dilma), no início de 1970, a hoje presidente da República já havia deixado a organização de esquerda conhecida como Colina. Sabe-se que, no fim de 1969, o grupo seria praticamente dizimado, com a prisão, a tortura e a perseguição de militantes em Belo Horizonte.[SAIBAMAIS]No carnaval de 1969, a Colina já havia sido fundida com a VPR e Estela passaria a adotar o codinome de Vanda. Antes disso, em uma fase de transição para a criação do novo grupo, Colina e VPR foram provisoriamente batizados de Ó Pontinho. ;Ainda vai ser necessário mais tempo para que essa história bonita de luta seja entendida sem paixão;, compara José Francisco da Silva, que era secretário adjunto de Direitos Humanos na época e foi responsável por enviar a jovem equipe à capital gaúcha.
Dilma continua contando a história do Brasil depois de 31 de março de 1964, data do golpe militar. ;Em Minas, fiquei só com a Terezinha. Um dia, a gente estava nessa cela, sem vidro. Eis que entra uma bomba de gás lacrimogênio, pois estavam treinando lá fora. Eu e Terezinha ficamos queimadas nas mucosas;, continua a presidente. No movimento de esquerda de BH, onde Dilma militava, não há registros conhecidos da participação de uma Terezinha.
E quanto ao estudante da Faculdade de Medicina da UFMG Ângelo Pezzuti, dirigente do Colina? Segundo o grupo Tortura Nunca Mais, ele foi banido do país em 1970, trocado com outros 39 companheiros, inclusive o irmão Murilo Pezzuti, pelo embaixador alemão. Em 1971, encontrou-se no Chile com sua mãe, Carmela Pezzuti, também banida do Brasil por suas atuações políticas. Com o golpe chileno, Ângelo foi para o Panamá e depois para a França, onde morreria em Paris, em 1974, em um acidente de motocicleta.