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Ministra diz que juiz ameaçado deixou processo de Cachoeira por cansaço

postado em 20/06/2012 13:23
O juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima se reuniu na manhã desta quarta-feira (20/6), por mais de uma hora, com a corregedora Nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon. Ele foi afastado do comando do processo referente à Operação Monte Carlo, após ter relatado que sofreu ameaças veladas. Durante o encontro, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o magistrado contou a Eliana que pediu para deixar o caso por estar ;extenuado; ; ele atuou por 16 meses a frente do processo. ;No nosso entendimento, deixá-lo (no processo) depois de ele dizer que estava cansado seria um ato de desumanidade;, afirmou a corregedora do CNJ.

Para Eliana, o vazamento de informações relativas à Monte Carlo antes mesmo de a operação da Polícia Federal ter sido deflagrada, não prejudicou a investigação que, segundo ela, "foi um sucesso. Além do juiz ameaçado, participaram do encontro o juiz titular da 11; Vara Criminal de Goiânia, Leão Aparecido Alves, que se declarou impedido de assumir o caso; o ex-corregedor do Tribunal Regional Federal da 1; Região (TRF-1), desembargador Cândido Ribeiro; o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Nino Toldo, e quatro conselheiros do CNJ. Moreira Lima e Leão Aparecido saíram do prédio do CNJ sem dar entrevista.

Segundo o magistrado, as ameaças foram dirigidas não só a ele, como a sua família. ;Minha família, em sua própria residência, foi procurada por policiais que gostariam de conversar a respeito do processo atinente Operação Monte Carlo, em nítida ameaça velada;, relatou o juiz em ofício enviado à Corregedoria do TRF-1.



[SAIBAMAIS]Já Eliana Calmon acrescentou que o juiz recebeu uma ligação de um carcereiro de presídio de segurança máxima, na qual houve referência a conversas de presidiários envolvendo o nome do magistrado. ;O juiz confirma apenas a questão de um telefonema que ele recebeu de alguém de um presídio de segurança máxima. O carcereiro dizendo que ouviu conversa de um preso dizendo alguma coisa;, contou.

Eliana afirmou aos jornalistas que o juiz ameaçado ;não é covarde; e fez um importante trabalho a frente do processo no qual autorizou a realização de grampos telefônicos contra o bicheiro Carlinhos Cachoeira e integrantes do grupo que supostamente comandava a exploração do jogo ilegal em Goiás e fraudava licitações. ;O nosso entendimento é de que a magistratura não pode estar fragilizada. Ou seja, com medo do crime organizado;, destacou.

Segundo Eliana, Moreira Lima receberá proteção policial. O presidente da Ajufe, por sua vez, alertou que o juiz continuará atuando em Goiânia, mas será transferido da 11; Vara Criminal para a 12; Vara de Execução Fiscal.

Na noite de terça-feira (19/6), o juiz federal Alderico Rocha Santos foi designado pelo TRF-1 para conduzir o processo. Titular da 5; Vara Federal de Goiânia, Alderico atuará no caso sem prejuízo de suas funções na vara de origem.
De acordo com o desembargador Cândido Ribeiro, a ação que tramita na Justiça Federal não será paralisada devido a substituição de juízes. ;Esse processo vai ter um andamento célere, tem prioridade em relação a qualquer outro processo porque ele envolve réus presos;, frisou.

Cândido também confirmou as ameaças sofridas por Moreira Lima. ;Ele não está se sentindo confortável. Ele tem um sentimento de ameaças veladas. Não é uma coisa muito clara, não é explícito;, observou.

O desembargador disse ainda que o juiz pediu escolta e chegou a ser acompanhado por seguranças durante um período. No entanto, conforme o ex-corregedor do TRF-1, "em março ou abril" o juiz pediu a retirada da escolta policial que o acompanhava. Eliana Calmon, porém, afirmou que não lhe consta que Moreira Lima tenha aberto mão da segurança, mas somente da escolta ostensiva. Diante das ameaças, mesmo deixando o processo de Cachoeira, Cândido afirmou que o colega receberá proteção. ;Estamos buscando restabelecer essas garantias.;

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