postado em 23/06/2012 17:50
Preso desde 29 de fevereiro sob a suspeita de comandar um esquema de exploração de jogos ilegais e de fraudes em licitações, o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, está sob efeito de medicamentos psiquiátricos. De acordo com a advogada do bicheiro, Dora Cavalcanti, ele foi atendido ontem por um psiquiatra, que, segundo ela, receitou uma medicação específica para o tratamento. Dora negou, por ora, que a suposta doença psiquiátrica possa servir de argumento para um novo pedido de liberdade. ;Ainda não sei. Seria especulação dizer qualquer coisa nesse momento. Deixa eu tentar entender bem essa situação primeiro;, disse a advogada.De acordo com a advogada do bicheiro, o cliente enfrenta problemas de saúde. ;Na segunda-feira passada, ele já não estava bem. Mas, na visita de ontem (quinta-feira) de manhã, ele não estava nada bem. Notei que estava ainda pior. O estado dele foi se agravando ao longo do tempo. As outras pessoas foram sendo soltas e a angústia dele aumentou;, disse ao Correio a advogada Dora Cavalcanti, referindo-se às recentes decisões judiciais que garantiram a soltura da maioria dos suspeitos que havia sido presa durante as operações Monte Carlo e Saint-Michel.
[SAIBAMAIS] Confusão
Na última quinta-feira, Cachoeira brigou com um colega de cela por conta de uma divergência em relação a um canal de televisão a que assistiam, conforme relatou a advogada. Na sequência, o bicheiro teria desacatado um agente do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), no presídio da Papuda. O Correio apurou que, durante a confusão, Cachoeira teria se descontrolado, xingado o agente e relatado que conhece pessoas influentes que poderiam prejudicar inclusive o preso com quem dividia a cela. A confusão ocorreu antes de ele ser transferido da ala federal da Papuda para o setor de responsabilidade da Justiça do Distrito Federal.
A mudança de local foi definida porque Cachoeira estava preso, até então, apenas por ordem de um decreto de prisão da Justiça do DF. No entanto, na própria quinta-feira, o Superior Tribunal de Justiça derrubou um habeas corpus que o contraventor havia recebido no qual era revogada a prisão relativa à Operação Monte Carlo. Diante da nova decisão, ele passa a estar detido, no momento, por força de outros dois mandados.
A Polícia Federal (PF) não deu detalhes do episódio ocorrido na Papuda. Informou apenas que a confusão ocorreu por volta das 13h de quinta e que o bicheiro foi levado para a Superintendência da corporação no começo da noite de anteontem, onde prestou esclarecimentos por mais de uma hora, com o agente do Depen, o colega de cela e outros dois agentes que testemunharam o caso. Cachoeira poderá responder por desacato, cuja pena varia de seis meses a dois anos de prisão.
Preso no fim de fevereiro, Cachoeira foi imediatamente transferido para a penitenciária federal de segurança máxima de Mossoró (RN). No começo da segunda quinzena de abril, o bicheiro obteve uma autorização judicial, concedida pelo desembargador federal Tourinho Neto, que permitiu a transferência para Brasília.