postado em 25/06/2012 21:21
O relatório apresentado pelo senador Humberto Costa (PT-PE), no qual pede a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), diz que o parlamentar mentiu ao Conselho de Ética sobre a sua relação com o empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. "É simplesmente inacreditável que o Representado, considerados todos esses prolegômenos, venha sustentar que ignorava tudo sobre os ;afazeres ocultos; de Cachoeira; que tenha respondido candidamente ao Senador Mário Couto que não sabia que Cachoeira era contraventor", disse. "Cachoeira é o verdadeiro anjo da guarda de um senador da República", destacou o relator.Costa relembra que Demóstenes, durante seu depoimento, disse que não sabia que Cachoeira, investigado pela Polícia Federal, era contraventor. O relatório está sendo apresentado neste momento ao Conselho de Ética do Senado que deverá votar ainda nesta segunda-feira (25/6) o pedido de cassação do mandato do senador.
Ao alegar a participação do senador no esquema de lavagem de dinheiro operado por Cachoeira, Costa relata que Demóstenes agia como um "despachante; de Cachoeira. "Coligidos, concluo que, no que diz respeito a capitais de Cachoeira já integrados, é evidente a atuação do Senador Demóstenes Torres como um despachante de luxo do contraventor".
"A instrução probatória carreou a estes autos um grande número de evidências das ações do Senador Demóstenes Torres em favor direto dos interesses ;comerciais; de Carlinhos Cachoeira", completou.
Costa relata ainda que "as atuações na área de construção civil, construção pesada, prestação de serviços urbanos e licenciamento ambiental já estão sendo escrutinadas pela Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) do Cachoeira;. Segundo o relator, em todos os casos, duas certezas: a) um parlamentar a valer-se do seu inegável prestígio para viabilizar interesses econômicos do ;contraventor;; b) uma teia de ligações, consórcios, parcerias, sociedades e associações empresariais em que se pode averiguar a conhecida técnica de commingling [mescla] para obstaculização de qualquer investigação sobre o paper trail".
Costa também apontou o envolvimento de Demóstenes com os negócios de Carlinhos Cachoeira na exploração de jogos de azar e ainda atuado na proteção de Cachoeira. Outro ponto levantado pelo relatório é o de obtenção de vantagens por parte do senador que atuava em nomeações impostas por Cachoeira na administração pública e no Senado.
[SAIBAMAIS]"Aspecto relevante do relacionamento entre Cachoeira e o representado é o empenho de Demóstenes em conseguir postos na administração pública em favor de pessoas do círculo de Cachoeira", apontou o relator. "O mais importante para avaliarmos, contudo, creio eu, seriam as nomeações aqui no Senado Federal".
Após a conclusão da leitura do voto, o presidente do Conselho de Ética, senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), disse que colocará o relatório em apreciação. A votação terá de ser nominal e aberta. Se aprovado pelo conselho, o processo terá então que ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Depois, segue para o plenário da Casa, onde passará por votação secreta.