postado em 28/06/2012 11:49
Após se defender de acusações feitas contra ele, o ex-chefe de gabinete de Agnelo Queiroz, Cláudio Monteiro, disse que nunca esteve pessoalmente ou manteve contato com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Nesta manhã de quinta-feira (28/6) ele é ouvido pelos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga o esquema criminoso comandado por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Ele compareceu para depor amparado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que garantia direito ao silêncio, mas depois decidiu falar. Ele entregou à comissão um documento no qual abriu mão dos sigilos bancário, fiscal e telefônico.Respondendo as perguntas do relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), ele disse que uma feijoada em Vicente Pires foi o único momento em que teve contato com o araponga de Cachoeira, Idalberto Mathias de Araújo, o Dadá. Segundo Monteiro, Dadá ofereceu a feijoada porque fazia parte de um projeto social chamado "Anjos do Handebol". Negou também que tenha feito ou recebido ligações do senador goiano Demóstenes Torres (sem partido).
![Assim como outras testemunhas ouvidas anteriormente pela CPMI, Monteiro argumentou que seu nome foi usado,](https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2012/06/28/309692/20120628123239793865i.jpg)
Assim como outras testemunhas ouvidas pela CPMI, Monteiro argumentou que o nome dele foi usado, "pois as pessoas queriam demonstrar prestígio". Disse que esteve por duas vezes com o diretor da Delta para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu, na condição de chefe de gabinete de Agnelo Queiroz. Sobre as relações com Marcelo Lopes, o Marcelão (ex-assessor da Casa Militar), Cláudio Monteiro disse que ele é seu amigo e a empresa da família dele deu uma ajuda de R$ 5 mil para a campanha de distrital em 2010. Sobre João Feitoza (Zunga), Monteiro disse: "Me ajudou no pior momento da minha vida", ao citar que ele o ajudou a socorrer a mulher com parto de bebê prematuro.
Monteiro relatou ainda que a decisão de deixar o governo foi tomada após a divulgação das denúncias para não influenciar nas investigações. "Saí do governo para que, sem a prerrogativa do foro, pudesse ser tudo apurado."
"Boneco de ventríloquo"
No tempo inicial de defesa, O ex-chefe de gabinete disse não ter encontrado nos autos das investigações da PF nenhuma gravação dele e disse estar aberto a qualquer apuração ao ressaltar que ninguém pode se "escudar em um cargo para impedir uma investigação". "Fiquei como boneco de ventríloquo", lamentou. Rebateu a acusação de que possuía um rádio-celular da Nextel para se comunicar com o grupo de Cachoeira. "Cadê o rádio? Cadê a propina? Cadê o tráfico de influencia? Cadê a facilitação na licitação?", questionou. "Essas são perguntas que mereço receber resposta. Preciso delas como preciso de oxigênio".
[SAIBAMAIS]Monteiro disse estar cercado de pessoas que querem promover vinganças pessoais. "Na escola diziam que na brincadeira valia tudo menos puxar cabelo, dedo no olho e xingar a mãe. No DF vale tudo", ironizou. Ele entregou um requerimento aceitando a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico. "A princípio, por 10 anos, que é a praxe desta CPI, mas, se quiserem, pode ser por mais tempo". Além disso, disse que os filhos dele também oferecem a quebra do sigilo fiscal e telefônico. "Meus filhos estão oferecendo isso voluntariamente".
"O tempo é senhor da razão"
Ele fez um pedido de desculpas aos membros do Governo do Distrito Federal (GDF) e aos familiares pelo episódio "vexativo". "O tempo é senhor da razão. (...) Teremos oportunidade, na hora certa, no momento certo, de ter a verdade restabelecida", disse.
Frases pronunciadas na CPI pelo depoente Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do Governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT)
"Só deus sabe o quanto eu busquei energia para vir aqui e falar"
"Apesar dessa robustez toda de hoje, desse corpo em forma de barril, eu jogava futebol"
"Dignidade, esse é o maior bem que recebi dos meus pais"
"Na política do Distrito Federal, vale tudo: Xingar a mãe e enfiar o dedo no olho"
"Fala de terceiros não são provas, muito menos indícios. Não servem sequer para abrir um inquérito"
"Meu carro foi alvo de um aparelho de escuta. Dava a localização e acesso às conversas internas;
"Vim pra cá com um frio na barriga gigantesco"
"Solicitei uma investigação sobre todos meus atos"
"O único cidadão que encontrei da Delta foi o diretor Cláudio Abreu"
"Não tenho a pretensão de recuperar cargo nenhum. Quero recuperar o direito de andar pelas ruas"
Frases dos parlamentares ao depoente
"Se a verdade está ao seu lado, não teria motivo para o senhor sair do governo" Deputado Onyx Lorenzoni (Democratas-RS)
"É preciso, para segurança de jornalistas, políticos e empresários, entender como funciona essa grampolândia no DF; Deputado Luiz Pitiman (PMDB)
"O senhor sai daqui de cabeça erguida. Demonstrou ser uma pessoa de bem. Não tenho perguntas a fazer" Deputado Carlos Sampaio (PSDB)
"Que negócio é esse de que tá tudo correto se no passado têm problemas?" Deputado Onyx Lorenzoni (Democratas-RS)
"Depois dessa sessão, digo ao senhor: volte pro governo! Volte Cláudio Monteiro" Deputado Ronaldo Fonseca (PR-DF)