postado em 03/07/2012 17:25
Em mais uma tentativa de convencer os colegas a votar contra a cassação de seu mandato, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) sustentou nesta terça-feira (3/7) que as gravações da Polícia Federal que servem de prova contra ele foram manipuladas e obtidas de forma ilegal. Segundo o senador, a divulgação de trechos das gravações na imprensa serviram para manchar sua imagem.Demóstenes disse que, combinadas, as ações desenvolvidas pela Polícia Federal e pela imprensa tornaram-se uma ;máquina de moer reputação; da qual ele foi vítima. ;O título da transcrição virava título das manchetes;, reclamou o senador, referindo-se aos agentes da Polícia Federal responsáveis pela gravações.
Desde segunda (2/7), Demóstenes, que tinha optado pelo silêncio, deixando a maior parte das declarações para seus advogados, adotou a estratégia de falar, todos os dias, na tribuna do Senado. O objetivo é tentar reverter a possibilidade de cassação de seu mandato.
;Reafirmo a todos que sou inocente e que o tempo provará isso;, reafirmou hoje, em discurso, o senador.[SAIBAMAIS]
Ele reclamou que seu direito à ampla defesa não foi respeitado pelas instâncias de investigação. ;Para me investigar ilegalmente, utilizou-se tecnologia de ponta. Para me julgar, usam métodos medievais;, disse Demóstenes, que também reclamou de não ter obtido do Conselho de Ética uma perícia nas gravações, solicitação feita pela defesa durante o processo de quebra de decoro que resultou no pedido de cassação.
O discurso desta terça-feira foi o segundo feito por Demóstenes depois que o Conselho de Ética do Senado aprovou, por unanimidade, o relatório que pede a cassação de seu mandato. Ontem (2) ele pediu desculpas aos colegas e informou que ocupará a tribuna até o dia do julgamento em plenário, marcado para o próximo dia 11.
Para cassar o mandato de Demóstenes são necessários 41 dos 81 votos dos senadores. A votação em plenário é feita de forma secreta.
O processo contra ele está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e já teve parecer favorável à constitucionalidade, emitido pelo relator, senador Pedro Taques (PDT-MT). Amanhã (4) o relatório do senador será lido e votado pela CCJ.
Demóstenes é acusado de relações estreitas com o empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, suspeito de operar um esquema de jogos ilegais e tráfico de influência que contava com a participação de políticos e empresários.