Com a desarticulação da quadrilha que mantinha um esquema de bingos eletrônicos no Distrito Federal, em ação da Polícia Civil nesta manhã de sexta-feira (24/8), o contraventor Carlinhos Cachoeira pode ser convocado para prestar depoimento sobre o caso. Em coletiva, o chefe da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco), delegado Henry Peres, afirmou que as investigações feitas pela Operação Jackpot apontam o envolvimento direto do bicheiro na migração do jogo ilegal do Entorno para a capital federal.
O diretor da Polícia Civil, delegado Jorge Xavier, disse que irá encaminhar os documentos da investigação aos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga o contraventor Carlinhos Cachoeira. Para ele, o esquema é "uma agressão ao Estado, que não se via há muito tempo".
Na ação de hoje haviam cinco mandados de prisão temporária, válidos por cinco dias, e 13 de busca e apreensão. Apenas três prisões foram cumpridas: Raimundo Washington foi localizado no Sudoeste, Otoni Queiroga no Jardim Botânico e Bruno Gleidison no Gama. Eles devem ser transferidos para o Departamento de Polícia Especializada (DPE) ainda hoje. Antônio José Sampaio Naziozeno e Edvaldo Ferreira Lemos continuam foragidos e a Polícia Civil informou que irá acionar a Interpol para localizá-los.
R$ 10 mil por dia
De acordo com as investigações, feitas há seis meses, o rendimento nos bingos chegava a R$ 10 mil por dia. As apostas eram altas, já que as máquinas caça-níqueis reconheciam notas de até R$ 100. Pelo menos sete pontos eram mantidos em Sobradinho II, Ceilândia, Gama e até mesmo na Área Central de Brasília, como o Lago Norte e as asas Sul e Norte. Materiais para a montagem de novas máquinas foram apreendidas na casa de Edvaldo Ferreira, em Santa Maria. Os envolvidos devem responder por formação de quadrilha, crime contra a economia popular, contravenção penal de jogo de azar e lavagem de dinheiro.
[SAIBAMAIS]
Bicheiro no controle
O delegado Henry Peres afirmou que é evidente que Carlinhos Cachoeira sabia inclusive do esquema desbaratado pela Deco esta manhã. "Se os subordinados faziam essa atividade, o chefe com certeza sabia", disse. Ao longo das investigações, policiais da Deco apreenderam R$ 8,9 mil e U$ 2 mil. Desde a prisão do bicheiro, em fevereiro deste ano, 80 caça-níqueis já foram apreendidos.
Não há dúvida, segundo os delegados, que o grupo migrou para Brasília após a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Os clientes permaneceram os mesmos, em sua maioria idosos. Mas, diferente do que ocorria em Goiás, aqui, os apostadores não chegavam aos bingos em carros particulares. Motoristas do grupo buscavam os clientes em casa. Apenas os veículos do bando circulavam pelos pontos de jogatina. Em alguns bingos desativados no DF, os policiais localizaram objetos de casas de jogos ilegais que funcionavam no Entorno do DF.
Investigações
As apurações da Deco começaram a partir de apreensões de caça-níqueis realizadas no Distrito Federal após a Operação Monte Carlo, ocorrida em fevereiro. Em Sobradinho II, foram recolhidas 13 máquinas. Em Ceilândia 11, na Asa Norte apreenderam seis, e na Asa Sul sete. Tais ocorrências foram registradas na 35; DP, 24; DP, 2; DP e 1; DP, respectivamente. Durante a investigação da Deco, foram apreendidas outras 43 máquinas, no Gama, no Lago Norte e em Valparaíso (GO). Segundo os investigadores, a jogatina descoberta em Goiás ocorria no Jardim Botânico 3, mas teria sido transferida para o município goiano após suspeitas de operações policiais.
Testemunhas ouvidas pela Deco revelaram que os bingos eletrônicos explorados aqui no DF eram gerenciados pelos Irmãos Queiroga. Além disso, a polícia garante ter indícios suficientes para afirmar que o bando de Cachoeira estava atuando no DF. Os policiais também cumprem mandados de busca e apreensão nas casas de integrantes de um outro grupo suspeito de manter jogo ilegal no DF. Esse segundo bando disputaria espaço com a turma de Cachoeira e atuava em Taguatinga, Ceilândia e Samambaia.
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