Politica

Saneamento básico será principal desafio para novos prefeitos do Acre

postado em 24/08/2012 15:04
Brasília - Os prefeitos que forem eleitos em municípios acrianos como Rio Branco, Capixaba, Assis Brasil e Brasileia terão um desafio comum pela frente que é realizar ou concluir obras de saneamento básico. Na capital, por exemplo, bairros de comunidades mais carentes, como Taquari, têm pronta a instalação da rede de água, mas ainda está inoperante.

Esgoto nesse bairro de Rio Branco, cidade com 319.825 habitantes segundo o senso de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não existe. ;Em todo o canto chega água tratada e, para nós, nada;, diz a moradora de Taquari, Maria das Dores de Santana, do lar, 67 anos.

Em Capixaba, município à margem da Estrada do Pacífico, distante 90 quilômetros de Rio Branco, a rede de esgoto também inexiste. O comerciante Alberto Nunes Cardoso, 54 anos, disse que as obras de construção começaram a ser instaladas agora.

Sem o esgoto, resta aos moradores construírem as chamadas ;fossas negras;, buracos feitos na terra para depósito dos dejetos. O município, que tem 77.323 habitantes, possui rede de água instalada, no entanto, o comerciante disse que só quem a utiliza são pessoas que não tem poço artesanal em casa.



[SAIBAMAIS] Marinelza do Nascimento Pereira, do lar, 31 anos e moradora de Assis Brasil, é outra que reclama da precariedade dos serviços de saneamento básico de sua cidade. A rede de água, segundo ela, só tem um cano de fornecimento para as residências do município de 6 mil habitantes. Marinelza destacou que uma empresa está na cidade para tentar resolver o problema.

;A água distribuída é suja e não sei como bebem;, disse a moradora de Assis Brasil. A reportagem constatou que vários moradores da cidade, como o comerciante Júnior de Melo Souza, 45 anos, recorre ao uso de pastilhas de hipoclorito para tratar a água recebida.

Em Brasileia, cidade de 21 mil habitantes, o problema da distribuição de água potável é consequência da enchente do Rio Acre, no início de 2012, a pior da história do município. O dono de farmácia, Licurgo Hassem, nascido em Brasileia há 57 anos, disse que com a cheia, a água do rio invadiu e estourou as tubulações da rede. Ele falou que as obras de restauração das adutoras já estão em execução.

A assessora técnica da Secretaria de Meio Ambiente do Acre (Sema), Vera Reis, reconheceu à Agência Brasil que tanto na capital quanto em municípios do estado, existem bairros sem qualquer obra de saneamento. Ela disse que os investimentos necessários para a instalação de redes de água e esgoto estão sendo feitos.

Outro problema para os prefeitos que serão eleitos no Acre é o ensino público. Em Capixaba, o comerciante Alberto Nunes disse que só existe uma escola de ensino fundamental. ;Na escola só tem o ensino básico. Quem quiser continuar os estudos tem que ir para as escolas de Rio Branco;. No bairro de Taquari, na capital, o pedreiro Antônio Ferreira de Oliveira, 35 anos, disse que para arrumar uma vaga na escola ;é um protocolo doido;. De acordo com ele, o bairro tem dois colégios com ensino fundamental e nível médio e outro destinado apenas ao fundamental.

Licurgo Hassem disse que Brasileia foi contemplada, em 2011, com o título de melhor ensino público do estado. ;O problema é que [mesmo com a nota], os estudantes não atingiram a média mínima exigida;. Para ele, falta melhor qualificação e salários mais altos para os professores.

Em Assis Brasil, mesmo pessoas com pensamento mais crítico quanto à destinação dos recursos públicos mostraram orgulho ao falar do ensino público prestado. ;As escolas até que são boas aqui. Não estuda quem não quer. Temos professores formados, competentes;, disse Marinelza do Nascimento. Recentemente 92 estudantes de Assis Brasil se formaram na Universidade Federal do Acre. ;Isso para nós é um marco por causa do tamanho da cidade;, disse Júnior Melo.

Nenhum entrevistado reclamou da segurança pública em seus municípios. Moradores de bairros de periferia de Rio Branco disseram que a polícia passa com frequência nas ruas. Em Assis Brasil e Brasileia, cidades que fazem fronteira com o Peru e a Bolívia, a reportagem constatou nas ruas alta frequência do policiamento.

A prestação de serviços de saúde pública é outro tema controverso. Em Rio Branco, mesmo no Taquari, praticamente é consenso que ;mesmo ruim;, os serviços de saúde têm melhorado, conforme relatou Maria das Dores de Santana, 67 anos. Já em Capixaba o comerciante Augusto Nunes não poupou reclamações quanto ao atendimento, transporte de doentes e ausência de médicos para atender a quem busca a saúde pública nos dois hospitais e um posto existentes na cidade.

Nos bairros carentes da periferia de Brasileia, como Samaúba e Leonardo Barbosa, a reclamação é quanto ;às promessas; não cumpridas pelos candidatos em época de eleição, inclusive na área da saúde. ;Não conheço obra nenhuma, o problema é que eles falam muito;, destacou Ivonaldo Gomes de Oliveira, nascido em Leonardo Barbosa.

Assis Brasil conta com apenas um hospital recém-inaugurado. O hospital é pequeno, mas tem uma estrutura de atendimento básica inclusive com uma ambulância do Samu. O clínico-geral Everton da Costa, disse que nesta época de seca na cidade são comuns quadros de diarreia e vômito causados por rotavírus. Já a leishmaniose é endêmica na região.

O motorista Humberto Melo de Mesquita Júnior trabalha com frete. Ele considera o hospital bom e, até o momento, não viu nenhum de seus fregueses de lotação reclamarem da qualidade do atendimento.

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