Em um governo no qual o espaço para barganha política anda escasso, o Palácio do Planalto conta cada vez mais com lideranças setoriais na hora das votações importantes no Congresso. São aqueles parlamentares que, apesar de não ostentarem o título de líder de partido ou do governo, assumem a negociação política por conta de bandeiras pessoais ou simplesmente por serem símbolos representativos de determinadas áreas. As matérias mais recentes que contaram com a atuação desses caciques informais foram o Código Florestal e Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), aprovada recentemente. Em ambas, deputados e senadores que não compõem a linha de frente do governo assumiram as rédeas da articulação ; no caso da LDO, para alívio do Executivo, e no outro, para os lamentos da presidente Dilma Rousseff.
[SAIBAMAIS] Durante a tramitação do Código Florestal, ficou a cargo dos senadores Jorge Viana (PT-AC) e Luiz Henrique (PMDB-SC), respectivamente, vice-presidente e relator do comissão mista criada para votar a medida provisória, a tarefa de capitanear as negociações. A dupla articulou com os parlamentares, participou de reuniões no Palácio do Planalto com os ministros da área, ao fim e ao cabo, para tentar sensibilizar os colegas a manterem o texto inalterado, sem mexer no modelo adotado pela presidente, que visava à preservação das margens dos rios. Com apoio do presidente da comissão, deputado Bohn Gass (PT-RS), que também atuou, mas sem protagonismo, não tiveram sucesso.