postado em 17/12/2012 06:34
Na semana passada, a deputada federal Rose de Freitas (PMDB-ES), vice-presidente da Câmara dos Deputados, tornou-se personagem chave na disputa pela redistribuição dos royalties do petróleo. Ela comandou sessão do Congresso Nacional na ausência do senador José Sarney (PMDB-AP), que se preparava para assumir a Presidência do país interinamente, e permitiu a votação do requerimento de urgência para a análise dos vetos de Dilma Rousseff ao projeto sobre o tema. Mesmo amparada em argumentos regimentais, Rose acabou comprando briga com colegas fluminenses e capixabas, que querem impedir a derrubada dos vetos, mas ganhou apoio de parlamentares das outras 25 unidades da Federação.
O apoio crescente chega na hora em que a deputada se prepara para concorrer à presidência da Câmara contra o líder do próprio partido, Henrique Eduardo Alves (RN). Ela garante não ter pedido nenhum voto sequer ainda, mas já é vista por colegas como alternativa ao candidato oficial do governo. Durante a entrevista ao Correio, Rose foi interrompida diversas vezes por parlamentares que anunciavam mais votos. Pausou a conversa também para atender a uma ligação da família, que, segundo ela, pode ser a única a impedi-la de tentar comandar a Casa legislativa. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.
A senhora foi muito criticada por deputados do Rio e do Espírito Santo por ter deixado que a votação da urgência sobre os vetos ocorresse. Não teme que isso lhe custe votos na disputa pela presidência da Câmara e até mesmo para a reeleição em 2014?
Eu fui muito pressionada naquela votação. Apenas segui o regimento, fosse eu ou qualquer outro lá, o requerimento teria que ser apreciado. E eles queriam votar até os vetos no mesmo dia, o que consegui evitar. Mas alguns me pediram para rasgar os papéis e ir embora, fingindo que não li o regimento. Ora, se eu fosse capaz de fazer isso, não mereceria o respeito de ninguém por não conseguir presidir uma sessão conflituosa.
Como avalia o modelo de votação dos vetos presidenciais?
Primeiro, é um absurdo que um veto não seja apreciado na mesma época em que é feito. Nessa hora, o Brasil não é sério, parece um país de brincadeira. A questão das medidas provisórias também tem que ser revista. A partir do momento em que é editada, já surte efeito e não temos tempo de reagir às consequências daquela MP. Esses erros têm que ser corrigidos. Não que não deva existir nada disso, mas não pode existir com essas regras. Diminuir o número de MPs é um passo importante, o país não pode continuar sendo administrado por medidas provisórias, tira a oportunidade do debate e de a Câmara legislar.