Com 375 deputados na Câmara e 64 senadores, a base de apoio da presidente Dilma Rousseff tem, em tese, dimensões suficientes para garantir o conforto do governo em votações estratégicas. Com esses números, é possível aprovar qualquer matéria de interesse do Planalto, desde projetos simples até propostas de emenda à Constituição (PECs). Mas não é isso que ocorre na prática. Embora o governo tenha ampla maioria nas duas Casas Legislativas, a fidelidade da base costuma se esvair quando o tema em análise envolve frentes parlamentares ou interesses paroquiais.
Essa situação é mais explícita na Câmara. Levantamento da consultoria Arko Advice atualizado pelo Correio mostra números aparentemente favoráveis ao governo. Das 176 votações do plenário da Casa neste ano, apenas seis representaram derrotas significativas para o Planalto. Nesses casos, os interesses regionais ou setoriais se sobrepuseram aos do governo. ;Nessas circunstâncias, o Planalto é o lado mais fraco. Não é à toa que a presidente chegou à metade do mandato sem se arriscar em uma reforma de vulto, como houve no passado a Reforma da Previdência, ou enviar uma PEC polêmica para o Congresso;, observa um líder governista da Câmara. ;A base é forte, mas é também a maior causadora de problemas no plenário das duas Casas;, reconhece.