A disputa pelas vagas da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados e do Senado envolve candidatos de última hora, denúncias contra os favoritos aos cargos e visitas Brasil afora para angariar apoio político. Em meio a tanta peleja e a tantas dúvidas que envolvem a eleição para a presidência e para as secretarias do Congresso, os concorrentes têm pelo menos uma única certeza. Os vitoriosos terão à disposição uma enorme estrutura, que envolve a contratação de um batalhão de funcionários comissionados, além de ampla exposição e poder. Levantamento realizado pelo Correio nos dados de pessoal da Câmara dos Deputados mostra que, só para contratar pessoas de confiança, os integrantes da futura Mesa Diretora da Casa terão R$ 22,9 milhões por ano para gastar. Eles poderão ter 288 funcionários à disposição. No Senado, os futuros dirigentes gastarão R$ 14,9 milhões por ano para contratar pelo menos 88 assessores, com salários mensais que chegam a R$ 19,1 mil.
Além de multiplicar a capacidade de contratação de aliados e correligionários, os futuros ocupantes da Mesa Diretora do Senado e da Câmara vão poder controlar os gastos com passagens aéreas dos colegas e cuidar da parte administrativa das duas Casas. Terão ainda nas mãos atividades ligadas à Corregedoria, com poderes para analisar a conduta de outros parlamentares. Diante de tanto poder e de um orçamento tão expressivo, há brigas entre partidos e até mesmo dentro das próprias legendas. A disputa pela presidência das duas Casas é a contenda mais visível, mas a corrida pelas vagas de secretários também está aquecida nos bastidores, especialmente da Câmara dos Deputados.
A distribuição dos cargos entre os partidos leva em conta o tamanho das bancadas. Como há variações nesses dados por conta da troca dos partidos, é considerado o total de parlamentares por legenda logo depois das eleições. Com esse critério, o PT lidera o ranking, com 85 deputados. O PMDB vem em seguida, com 75. Por acordo, os petistas cederam a presidência aos peemedebistas. O potiguar Henrique Eduardo Alves é o concorrente oficial do PMDB e favorito na briga. Mas a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) também lançou seu nome e complicou o caminho do rival. Além da concorrência interna do PMDB, Henrique enfrenta denúncias que envolvem irregularidades na destinação de emendas parlamentares, que teriam beneficiado um de seus assessores. Júlio Delgado (PSB-MG) é o terceiro na briga pela presidência da Casa.