postado em 24/02/2013 15:22
Brasília ; Quase dez anos longe do Brasil sem a expectativa de retornar a uma vida tranquila e comum. Sílvia Perone tinha apenas 5 anos quando foi separada do pai, um deputado estadual na época, que foi perseguido pelo regime militar e teve que deixar a Assembléia Legislativa às pressas e embarcar para o exílio no Chile, onde a família se reencontrou. Depois, nova mudança, para a França.
Essa semana, Sílvia, que ainda conserva o sotaque francês e as lembranças emocionadas de um período conturbado de sua vida, conseguiu ser anistiada. Há alguns anos, o perdão do Estado e as indenizações financeiras ou reconhecimentos de títulos conquistados em outros países, como diploma de graduação, eram concedidos apenas aos perseguidos políticos. Apenas recentemente, os familiares, principalmente, filhos desses militantes, começaram a ter o reconhecimento das restrições que viveram.
Depois de contar sua história, inclusive a morte de uma de suas irmãs que acabou se envolvendo com drogas depois do fim do exílio, Sílvia ouviu o pedido de desculpas do Estado, proferido por 16 conselheiros que integram a Comissão de Anistia. Quinze outros filhos de perseguidos políticos também foram anistiados no mesmo julgamento, que ocorreu há três dias em Brasília.
Essa semana, Sílvia, que ainda conserva o sotaque francês e as lembranças emocionadas de um período conturbado de sua vida, conseguiu ser anistiada. Há alguns anos, o perdão do Estado e as indenizações financeiras ou reconhecimentos de títulos conquistados em outros países, como diploma de graduação, eram concedidos apenas aos perseguidos políticos. Apenas recentemente, os familiares, principalmente, filhos desses militantes, começaram a ter o reconhecimento das restrições que viveram.
Depois de contar sua história, inclusive a morte de uma de suas irmãs que acabou se envolvendo com drogas depois do fim do exílio, Sílvia ouviu o pedido de desculpas do Estado, proferido por 16 conselheiros que integram a Comissão de Anistia. Quinze outros filhos de perseguidos políticos também foram anistiados no mesmo julgamento, que ocorreu há três dias em Brasília.
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Na época da saída do Brasil, Silvia, as duas irmãs e a mãe só conseguiram reencontrar o pais dias depois. A vida da família Perone se resumiu, a partir daí, a acompanhar de longe a vida no país de origem, que vivia um momento político conturbado. No Chile, os Perone recebiam notícias de familiares e amigos e recepcionavam outros perseguidos militares que tiveram que deixar o Brasil.
Dois anos depois, a família inteira teve que, novamente, se mudar. Desta vez, foram para a França, em 1972, quando a situação de militantes brasileiros que lutavam contra o regime militar foi agravada.
;Tenho boas lembranças do Chile. Nossa casa era aberta e recebíamos muitas pessoas e, para a gente, era uma bagunça sempre. Na França, caiu a ficha. Meu pai percebeu que não poderia mais voltar e as coisas ficaram mais difíceis;, disse ela.
Sílvia conta que as notícias de amigos presos e assassinados começaram a chegar com mais frequência e a situação deles em Paris se complicou. ;Meu pai era visto como se fosse um monstro. Os brasileiros turistas tinham medo de manter contato com a gente. Tinha polícia secreta em todo lugar;, contou.
Desde 2001, quando a comissão foi criada, 60 mil casos foram julgados. Deste total, 40 mil pessoas receberam o pedido de perdão do Estado, e a maior parte delas ainda foram indenizadas financeiramente pelas perdas e restrições que sofreram no período da ditadura militar.
;É um reconhecimento de anos de restrições. Os danos causados pelo período da ditadura são transgeracionais e são psicológicos, físicos e de restrições de direitos nacionais;, explicou Paulo Abrão, presidente da Comissão. Segundo ele, no primeiro momento dos trabalhos da comissão a situação dos filhos destes perseguidos políticos era ignorada. ;Hoje esta é uma questão pacífica;, disse.
Dois anos depois, a família inteira teve que, novamente, se mudar. Desta vez, foram para a França, em 1972, quando a situação de militantes brasileiros que lutavam contra o regime militar foi agravada.
;Tenho boas lembranças do Chile. Nossa casa era aberta e recebíamos muitas pessoas e, para a gente, era uma bagunça sempre. Na França, caiu a ficha. Meu pai percebeu que não poderia mais voltar e as coisas ficaram mais difíceis;, disse ela.
Sílvia conta que as notícias de amigos presos e assassinados começaram a chegar com mais frequência e a situação deles em Paris se complicou. ;Meu pai era visto como se fosse um monstro. Os brasileiros turistas tinham medo de manter contato com a gente. Tinha polícia secreta em todo lugar;, contou.
Desde 2001, quando a comissão foi criada, 60 mil casos foram julgados. Deste total, 40 mil pessoas receberam o pedido de perdão do Estado, e a maior parte delas ainda foram indenizadas financeiramente pelas perdas e restrições que sofreram no período da ditadura militar.
;É um reconhecimento de anos de restrições. Os danos causados pelo período da ditadura são transgeracionais e são psicológicos, físicos e de restrições de direitos nacionais;, explicou Paulo Abrão, presidente da Comissão. Segundo ele, no primeiro momento dos trabalhos da comissão a situação dos filhos destes perseguidos políticos era ignorada. ;Hoje esta é uma questão pacífica;, disse.