Apesar das críticas da oposição, o ex-presidente Lula não foi investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado durante o julgamento do mensalão. Na época do escândalo, o petista afirmou que não sabia do esquema montado pelo seu amigo pessoal e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, também do PT. O ex-presidente prestou depoimento, por ofício, apenas na condição de testemunha chamada por diferentes réus do processo.
O depoimento de Valério foi dado à Procuradoria-Geral da República em setembro do ano passado, no meio do julgamento do mensalão. Entre outras acusações, o publicitário afirmou que Lula, o ex-ministro Antonio Palocci e Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom, negociaram repasse de US$ 7 milhões para o PT.
Valério afirmou que o ex-presidente e Palocci reuniram-se com Horta no Palácio do Planalto e combinaram que uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau, na China, transferiria o valor combinado para o PT. O dinheiro seria usado em campanhas petistas e para comprar deputados, segundo Valério.
No pedido enviado à PF, a Procuradoria solicitou "diligências" para averiguar até a exata data do encontro citado por Valério. Não há ainda previsão de quando depoimentos serão tomados, segundo a Folha apurou. O depoimento foi enviado para a primeira instância já que nenhum dos citados têm foro privilegiado.
Condenado a 40 anos de prisão no julgamento do mensalão, Valério fez outras acusações no depoimento, como a de que Lula se beneficiou com recursos do esquema. O petista sempre negou.