postado em 14/04/2013 08:14
Desde o início de março, quando Marco Feliciano (PSC-SP) foi escolhido por seu partido para comandar a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, as quartas-feiras têm sido dias de tensão, correria e muito barulho na Casa. Quando o colegiado vai se reunir, os corredores do parlamento transformam-se em território de embates entre manifestantes que participam de protestos contra e a favor do pastor. De um lado, estão estudantes, homossexuais, negros e até funcionários públicos que querem a derrubada de Feliciano. De outro, evangélicos que se organizam em caravanas para defendê-lo com a Bíblia nas mãos.
Quando a crise se instalou, somente alguns ativistas dos direitos humanos apareciam com cartazes e faixas pedindo a saída do presidente da CDHM. Aos poucos, os protestos começaram a ganhar corpo, com a indispensável ajuda das redes sociais. Representantes de grupos já organizados de religiões afro-brasileiras e movimentos LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) reuniam-se na Câmara com estudantes da Universidade de Brasília (UnB) que estavam de férias. O encontro contínuo gerou a necessidade de criar grupos específicos para debater o tema. Surgiram, assim, os movimentos ;Não me Representa; e ;Vou Tirar Você desse Lugar;, que se reúnem toda semana para organizar novas manifestações. Alguns, porém, não se encaixam em nenhum desses rótulos. ;Defendo todas as minorias e não quero ver nesse posto alguém que diz tantas barbaridades;, comenta a psicóloga Melissa Viana, 32 anos, que é branca, heterossexual e não integra um movimento específico.
Nas últimas semanas, o plenário de reuniões da CDHM começou a ser tomado também por evangélicos que querem manter Feliciano no comando. Geralmente liderados por um pastor da Assembleia de Deus, eles chegam mais cedo, discretos e, de certa forma, ariscos, e ocupam os primeiros lugares da sala antes que a sessão seja fechada. Não gostam de dar entrevistas ou divulgar o próprio nome. À medida que também se viram barrados nas sessões, foram obrigados a dividir o corredor com os demais ativistas. Aumentaram em número e levaram até crianças para os protestos. Reagiram às provocações também aos gritos, com frases quase sempre destacando a palavra ;família;. Um deles chegou a ser detido ao chutar o grupo adversário