postado em 26/04/2013 16:05
Embora ainda em processo de formalização na Justiça Eleitoral, o novo partido Mobilização Democrática (MD), criado a partir da fusão do PPS e do PMN, se iniciará em Minas Gerais não apenas com três deputados estaduais e um federal, mas também como válvula de escape para os insatisfeitos com o PSD. Acumulando divergências com a condução política no estado, Alexandre Silveira, deputado federal licenciado e atual secretário de Estado Extraordinário de Gestão Metropolitana, está em compasso de espera. Outros cinco deputados estaduais do PSD, que pretendem apoiar a candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República, já preparam a saída da legenda, que apoiará a reeleição de Dilma Rousseff (PT) sob a batuta de Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo.
;Participamos de um grupo. Não tenho dúvidas de que o PSD caminhará com Dilma e temos indicativo de que fechará como um todo com o PT e o PMDB nos estados;, afirma o deputado estadual Duarte Bechir considerando ter compromisso com Aécio Neves. Planejam deixar o PSD com destino ao MD, além de Duarte Bechir, Neider Moreira, Doutor Wilson Batista e Cássio Soares, hoje secretário de Estado de Desenvolvimento Social. ;Vamos desembarcar em grupo. Se continuarmos com o grupo, poderemos buscar uma coalizão ampla nas eleições proporcionais. Estamos encontrando no MD essa compreensão de nascer grande;, considera Duarte Bechir. Também está de olho na nova legenda o deputado Glaycon Franco (PRTB), suplente de Cássio Soares.
O deputado Gustavo Valadares, que deixou o DEM para filiar-se ao PSD, tampouco descarta a possibilidade de migrar. ;Estou no PSD esperando clarearem as coisas. Existe a possibilidade de uma nova ação truculenta da direção, como ocorreu na eleição à Prefeitura de Belo Horizonte. Ficar num partido que deixa brecha para esse tipo de intervenção traz insegurança política grande;, considera Valadares, referindo-se ao fato de que no ano passado o PSD rachou na eleição à PBH. A direção nacional determinou o apoio a Patrus Ananias (PT), mas alguns deputados capitaneados por Alexandre Silveira brigaram na Justiça para manter os dois minutos da legenda de propaganda política com a campanha de Marcio Lacerda (PSB).
Mais evasivo em relação ao seu destino político, Fabiano Tolentino (PSD) afirma ter sido convidado pelo DM e por outras legendas. Eleito pelo PRTB, Tolentino entrou na ;janela; do PSD, estando agora livre para fazer a escolha partidária que melhor lhe convir, sem estar sujeito a nenhum tipo de sanção como a perda do mandato. ;Neste primeiro momento ainda estou estudando. Fábio Cherem e o Hélio Gomes vão ficar no PSD. Estou incomodado com o posicionamento político da nacional em apoio à Dilma. Mas ainda não decidi para onde ir;, acrescenta ele.
Caciques
Na Assembleia Legislativa, o MD nasce com a bancada de Luzia Ferreira e Sebastião Costa, do PPS e Duílio de Castro, do PMN. Dentro do cálculo eleitoral daqueles que pretendem ingressar na nova legenda, já se considera a candidatura do secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge (PPS). Como outros que passaram antes dele por esse cargo, Jorge deverá ter muitos votos. Com os outros ;caciques; que chegarão do PSD e até do PRTB, o MD tem tudo para nascer uma sigla bastante ;pesada; para candidatos sem um patrimônio eleitoral consolidado.
;Criamos uma janela;, assinala Luzia Ferreira, presidente estadual do PPS. ;Corremos com o processo de fusão entre o PMN e o PPS para nos antecipar à aprovação do projeto que limita a criação de partidos;, diz Luzia. Segundo ela, o deputado federal Roberto Freire (SP), que presidirá a nova legenda, deu orientação clara no sentido de não condicionar a filiação de interessados ao fato de eles não terem mandato eletivo, um critério muito usado por partidos pequenos que buscam chapas proporcionais competitivas.
;Fundimos para crescer;, sustenta Luzia Ferreira, lembrando, contudo, que o tamanho do crescimento deverá ser pactuado com o PMN e o PPS. ;Precisamos crescer sim, mas sem criar constrangimentos para aqueles que estão no partido pela fusão das duas legendas;, lembra ela, sugerindo que, dependendo da demanda pela migração de deputados, em algum momento o MD de Minas deverá começar a negociar caso a caso.