Juliana Braga
postado em 28/04/2013 07:20
O anúncio do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, de que não vai concorrer ao governo de São Paulo em 2014, abrindo caminho para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, traduz a estratégia de velhos caciques, em especial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: apostar no fator ;novidade; associado a um forte cabo eleitoral. A ideia é fazer com que candidatos chamados no jargão político de ;postes; se iluminem. Lula foi bem sucedido nas últimas duas tentativas. Em 2010, conseguiu eleger presidente da República pelo PT a então pouco conhecida titular da Casa Civil, Dilma Rousseff. No ano passado, contrariando os prognósticos, levou o correligionário Fernando Haddad do Ministério da Educação à prefeitura de São Paulo.
O modelo foi repetido pelo governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, que, também em 2012, transformou seu secretário de Governo, Geraldo Julio, prefeito do Recife. A iniciativa ainda vingou na Região Norte. No Acre, os irmãos petistas Tião e Jorge Viana, respectivamente governador e senador, conseguiram eleger o prefeito Marcus Alexandre (PT), que nem sequer morava na capital Rio Branco. Agora, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), quer aplicar a fórmula em seu próprio poste: o vice-governador peemedebista Luiz Fernando Pezão, que disputará o Executivo estadual.
Segundo o cientista político da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Rui Tavares, a tendência nasceu da visão de Lula de que os tradicionais nomes do PT estavam desgastados ou não apresentavam apelo para conquistar o eleitorado. ;Como a gente tem problemas sérios com corrupção, existe uma imagem ruim em relação aos políticos de carreira. A percepção do Lula, de trazer nomes com perfil mais técnico, foi que essa seria uma forma de reduzir o impacto desse cansaço com a política;, explica.