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Ministro do STF: "recursos do mensalão serão julgados no segundo semestre"

"Numa visão prognóstica, eu penso que esses embargos vão nos ocupar durante as férias de julho", disse Marco Aurélio Mello

postado em 22/05/2013 18:19

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira (22/5) que os embargos de declaração apresentados pelos 25 réus condenados no julgamento do mensalão deverão ser julgados somente depois do recesso de julho. O magistrado mostrou-se surpreso com a quantidade de contestações feitas pelas defesas e disse que não há condições de o Supremo ser novamente paralisado por conta da Ação Penal 470.


;Estou assustado com o volume dos embargos declaratórios e as múltiplas questões versadas. Há embargos com mais de 100 folhas. Por aí nós vemos a complexidade desse julgamento. Numa visão prognóstica, eu penso que esses embargos vão nos ocupar durante as férias de julho. Ou seja, serão julgados no segundo semestre;, afirmou Marco Aurélio, em entrevista que concedeu a jornalistas nesta tarde, no plenário do STF.

Questionado sobre a possibilidade de o presidente do Supremo e relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, levar os recursos a julgamento ainda neste semestre, Marco Aurélio disse não acreditar, embora tenha observado que o colega tem ;um pique incomum;.


;O presidente tem um pique incomum e está muito familiarizado com esse processo, mas eu não acredito. Eu estou assustado com o volume das causas de pedir dos embargos declaratórios. E todos os acusados condenados interpuseram;, frisou o ministro.

Ele acrescentou que não seria adequado o julgamento conjunto de todos os embargos - recursos usados pelos réus para contestar omissão, contradição e obscuridade no julgamento. ;Para facilitar, temos que julgar embargos por embargos. Agora, claro que há matérias repetidas, que corporificam causas de pedir em várias petições;, disse Marco Aurélio, para quem não há possibilidade de o Supremo paralisar os demais julgamentos, como ocorreu no segundo semestre do ano passado. ;É inimaginável paralisarmos novamente o tribunal para voltarmos a ser tribunal de processo único.;

O magistrado disse não ter entendido o motivo de os embargos infringentes ; instrumento que pode levar a um novo julgamento nos casos em que o réu tenha recebido pelo menos quatro votos pela absolvição ; terem sido protocolados no Supremo antes do julgamento dos primeiros recursos. ;Estou muito curioso para saber qual foi o objetivo. Como não sou psicólogo e eles não são meus clientes, eu não posso colocá-los em um divã para analisá-los. Mas é isso aí: por quê? Um teste? O juízo de admissibilidade é do relator do processo e eu penso que ele já havia sinalizado que tem como derrogado o regimento interno;, destacou Marco Aurélio.

Segundo ele, se os embargos infringentes forem apreciados pelo plenário, antes dos demais recursos, é possível que os ministros digam apenas que eles foram propostos de forma precipitada, nesse caso, sem analisarem o cabimento ou não deste recurso.

O ministro recebeu nesta quarta, em seu gabinete, o criminalista José Luís Oliveira Lima, advogado do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado a 10 anos e 10 meses de prisão. De forma irônica, Marco Aurélio lembrou que não chamou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para participar do encontro, como costumeiramente faz Joaquim Barbosa, que, em todas as audiências que lhes são solicitadas por um advogado, convida a outra parte. ;Talvez eu tenha cometido um pecado porque não convoquei o procurador-geral;, brincou.

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