Uma paródia veiculada nas redes sociais com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no papel de João de Santo Cristo abriu mais um capítulo da disputa política entre governo e oposição. Em cerca de nove minutos, o líder petista é apontado como um homem que traiu seus ideais ao chegar ao poder e liderou o movimento conhecido como mensalão. A polêmica foi tanta que Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo (autor da música original), acionou advogados para retirar o vídeo da internet.
O YouTube chegou a retirar a paródia do site, mas, como em outros casos ; o mais famoso o do jovem paulista Nissim Ourfali ;, cópias replicadas estão disponíveis em diversas páginas na internet para visualização. O antigo alto escalão petista ; com José Dirceu, Delúbio Soares e outros ; também é alvo da ironia.
O vídeo é uma sucessão de caricaturas embaladas por uma paródia de Faroeste Caboclo, com versos como ;Não tinha medo esse tal de Luiz Inácio/Era o que todos diziam quando ele se elegeu/Deixou pra trás todos os valores de esquerda/Que como sindicalista ele sempre aprendeu;. A presidente Dilma Rousseff é citada como ;fantoche; do ex-presidente. Para Manfredini, a música de Renato Russo não deve ser usada para atacar outras pessoas. ;A obra dele é completa e eu tenho que preservá-la;, disse.
Para o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), o vídeo não causa qualquer impacto na história ou no currículo do ex-presidente Lula, além de não influenciar a opinião das pessoas. ;O povo adora o Lula. Além disso, o ex-presidente não vai dar valor a uma coisa dessas. Imagine o peso dele para se preocupar com isso. É como se você andasse na rua e pisasse num formigueiro. Imagine se você vai ficar discutindo com as formigas;, comparou.
Mais polêmica
No começo da semana, uma publicação no Dilma Bolada ; um perfil humorístico da presidente, seguido por mais de 348 mil pessoas ; que fazia chacota com o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), foi retirada do ar. Depois da pressão de usuários do site, o Facebook pediu desculpas e admitiu que o conteúdo foi removido de forma indevida. O caso começou com um post feito no último sábado com críticas aos comentários feitos pelo parlamentar. Jeferson Monteiro, responsável pelo perfil Dilma Bolada, disse ao Correio que o post foi retirado por causa da manifestação de usuários que não aprovaram o conteúdo da publicação. ;Acredito que o caso foi desencadeado graças a uma ação em massa de algumas pessoas que não gostaram da postagem. O post foi retirado do ar cerca de três horas depois que havia sido feito, e muita gente me perguntou o que havia acontecido. Todos ficaram sem entender.;
Apesar dos problemas, Monteiro acredita que a polêmica é salutar. ;Vivemos em um país livre e é saudável que tenhamos pessoas com diferentes opiniões. Acho que foi um episódio importante no debate da liberdade de expressão nas redes sociais no Brasil;, opinou.
Colaborou Leandro Kleber