Cerca de 140 indígenas mundurukus estão reunidos com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e representantes de outros órgãos do governo para discutir a suspensão de empreendimentos energéticos na Amazônia e outras reivindicações indígenas.
O grupo passou oito dias ocupando o principal canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), e chegou a Brasília na manhã desta terça-feira (4/6) em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), após acordo com o governo para desocupar o local.
A reunião ocorre no auditório do Anexo do Palácio do Planalto, e, além de Carvalho, tem como interlocutores do governo representantes da Fundação Nacional de Índio (Funai), dos ministérios da Justiça e do Meio Ambiente e da Secretaria de Saúde Indígena.
O principal pedido dos índios é a suspensão de todos os empreendimentos hidrelétricos na Amazônia até que o processo de consulta prévia aos povos tradicionais, previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) - internalizada pelo país em 2004 - seja regulamentado. Além de Belo Monte, os indígenas são contra os projetos hidrelétricos nos rios Teles Pires (divisa entre MT e PA) e Tapajós (PA).
O governo já deixou claro que não pretende voltar atrás na construção de hidrelétricas na Amazônia. A reunião em Brasília foi a forma encontrada pelo governo federal para reduzir a tensão em Belo Monte e negociar a desocupação do canteiro de obras. Inicialmente, os índios exigiam que um representante do Poder Executivo fosse ao local negociar as reivindicações com o grupo.
Além de discutir a construção de hidrelétricas, o governo deve apresentar respostas a reivindicações feitas pelos índios em janeiro, como questões ligadas à saúde, educação e assistência técnica em áreas indígenas, segundo a Secretaria-Geral da Presidência.