postado em 21/06/2013 08:43
As tarifas de ônibus caíram no Rio de Janeiro, em São Paulo e em dezenas cidades brasileiras, mas as manifestações não cessaram país afora. Pelo contrário, vêm ganhando cada vez mais as ruas. O que começou, na semana passada, com um protesto contra o aumento nas passagens do transporte público da capital paulista se expandiu para uma revolta generalizada, com diversas bandeiras e motivos de reclamações.Os brasileiros protestam contra o preço da passagem de ônibus e as condições do transporte, mas também contra a corrupção, os gastos com a Copa do Mundo, a falta de investimentos em setores como saúde e educação e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37 ; que limita os poderes de investigação do Ministério Público em matérias criminais. Os manifestantes também pedem a reforma política, a saída do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e o fim do voto secreto, entre outras demandas. Ontem à noite, integrantes do movimento protocolaram no Senado uma pauta de reivindicações.
[SAIBAMAIS]Nas ruas, milhares de brasileiros carregavam faixas para externar a motivação da revolta, nas mobilizações que tomaram conta do país. Na Esplanada dos Ministérios, a enfermeira Márcia Pereira dos Santos, 50 anos, reclamava do setor em que atua. ;Vim aqui para agradecer as manifestações nacionais, que defendem a saúde pública, e para protestar contra o caos na saúde do Distrito Federal, onde o paciente e o trabalhador sofrem;, disse Márcia.
Um grupo gritou em frente ao Congresso palavras de ordem contra a votação fechada no Congresso. ;Voto secreto, não! Eu quero ver a cara do ladrão;, repetiam os manifestantes. Um dos cartazes dizia: ;Saúde? Educação? NÃO! Aqui é tudo Copa;. Em outro, estava escrito: ;Veja só que horror: o salário do Neymar é maior que o do doutor;.
Perfil
Os advogados Níldson Rodrigues, 37 anos, e Gutemberg de Oliveira, 43, que, na década de 1990, estiveram no movimento ;Fora, Collor!”, analisaram o perfil dos protestos atuais. ;A manifestação está desorganizada, sem foco ou liderança, o que é prejudicial ao movimento;, disse Rodrigues.
Para Gutemberg, a pauta difusa não tira a legitimidade dos manifestantes. ;Esse movimento é diferente do ;Fora, Collor; e das Diretas Já, essencialmente pela falta de foco. Naquele tempo, havia uma bandeira uníssona, que era a saída do Collor da Presidência. Hoje, as manifestações não têm uma objetividade, o que não as descredencia. A manifestação popular, a voz das ruas, deve servir para alertar a classe política quanto ao basta à corrupção, que deveria ser o foco dessas manifestações;, opinou.
; O que eles querem
Confira as reivindicações dos manifestantes
; Melhorias no transporte público. Além da revogação do aumento nas tarifas, os manifestantes querem serviço de qualidade e o passe livre.
; Mais investimentos em educação e saúde pública.
; Reforma política: os manifestantes querem o fim do voto secreto no Congresso.
; Contra a corrupção: transparência dos políticos e punição para quem desviar dinheiro público
; Contra a violência policial na repressão a manifestações e também no cotidiano das cidades e do campo.
; Contra a PEC 37: pela manutenção do poder de investigação do Ministério Público.
; Contra o Ato Médico: a medida, aprovada nesta semana, determina que apenas médicos podem emitir diagnósticos. Enfermeiros e psicólogos são contra a lei.
; Contra o dinheiro gasto na Copa: além de reclamarem dos exorbitantes valores empregados para a realização do evento esportivo, os manifestantes querem auditoria e transparência nas contas.
; Os protestos também pedem que políticos como a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além de tradicionais parlamentares e governadores de diversos estados deixem o poder.
; Livre orientação sexual: contra o projeto da ;cura gay; e a favor do PL 122, que criminaliza a homofobia.