Paulo de Tarso Lyra, Juliana Braga
postado em 24/06/2013 07:24
Sem a certeza do quanto as manifestações dos últimos dias arranharam seu projeto de reeleição em 2014, mas convicta de que precisa dar uma resposta rápida e eficiente para as reivindicações, sob o risco de que a insatisfação das ruas contamine ainda mais o governo, a presidente Dilma Rousseff terá uma semana decisiva. Passou ontem o dia no Palácio do Alvorada recebendo ministros, checando números, buscando propostas. Hoje, estará com governadores e prefeitos de capitais para debater soluções conjuntas para a crise que assolou todos os políticos com mandato eletivo. Dilma também vai receber também representantes do Movimento Passe Livre (MPL).Aliados e especialistas lembram que Dilma terá que mudar daqui para frente. Além do lado prático de tirar iniciativas do papel ou acelerar as que já existem, terá que alterar seu perfil de atuação. Tão alertada pelos políticos e representantes dos movimentos sociais, a avaliação é de que precisará dialogar mais. Prometeu isso no pronunciamento de rádio e televisão de sexta-feira, ao assegurar que receberá os movimentos sociais e os representantes pacíficos das manifestações, algo que não tem feito até o momento. ;O que um presidente tem de mais precioso é o seu tempo. E Dilma, ao centralizar tudo em suas mãos, gasta muito mal essa riqueza. Em vez de agir como presidente, comporta-se como um assessor, fiscalizando detalhes desnecessários de projetos em gestação;, diagnosticou um aliado.
[SAIBAMAIS]O diálogo com o atual movimento torna-se ainda mais complicado porque não se sabe quem , além do MPL, está do outro lado na figura de interlocutor. Se Dilma tem dificuldade em aceitar a legitimidade de atores conhecidos, como fará para autenticar porta-vozes difusos, com queixas diversas? Se nem os comandantes dos protestos se intitulam como tais, com quem a presidente poderá conversar nas próximas semanas para tentar baixar a temperatura das ruas?