Politica

Prefeituras forjam licitações e ficam com parte dos R$ 4,2 mi da União

O dinheiro liberado pelo Ministério da Integração é para a reconstrução de 14 pontes, mas só quatro começaram a ser feitas

postado em 14/07/2013 08:08

Uma das pontes de Paulistas que já havia sido reerguida, mas recebeu mais verbas federais para o mesmo fim

Belo Horizonte
; A dificuldade do governo federal de fiscalizar repasses para obras nos municípios do interior do país há algum tempo se tornou campo fértil para toda sorte de fraudes em licitações. Um dos exemplos da ;criatividade; dos especialistas em assalto aos cofres públicos pode ser visto em Paulistas (MG), há 320km da capital do estado. Com menos de 5 mil habitantes, a cidade fechou, em 2012, um convênio de R$ 4,2 milhões com o Ministério da Integração para a recuperação de pontes que teriam sido destruídas pelas chuvas de 2011. Desde 29 de janeiro, metade desse valor já está em uma conta da prefeitura, que forjou um processo licitatório para a realização das obras.

Na pressa, a prefeitura confundiu os carimbos e o papel timbrado dos participantes do processo licitatório, elaborou documentos idênticos e com os mesmos erros de português para construtoras concorrentes, localizadas em cidades distantes umas das outras. Além disso, errou o nome dos representantes das empresas. Entre as pontes a serem ;refeitas;, foi incluída uma que havia sido reconstruída, no ano passado, pela prefeitura vizinha de Materlândia, no Córrego dos Valérios, divisa das duas cidades. Entre os participantes dessa concorrência estão alguns dos denunciados pela Operação João de Barro, da Polícia Federal, que desbaratou um esquema de fraudes comemendas parlamentares para pequenas obras em prefeituras. Muitas das participantes ganharam concorrências em outros municípios da região para a construção com recursos do governo federal.

O dinheiro liberado pelo Ministério da Integração é para a reconstrução de 14 pontes, mas só quatro começaram a ser feitas. A grandiosidade dos empreendimentos contrasta com a péssima qualidade das estradas de terra da zona rural de Paulistas chuvas. Segundo moradores e operários, as empreitadas são tocadas por duas empresas, uma de Governador Valadares e outra Guanhães. A ponte que será feita duas vezes, pelo menos no papel, foi erguida em dois meses, com recursos da prefeitura de Materlândia, pelos próprios moradores do povoado dos Valérios, que também dá nome ao córrego que corta o lugarejo. Eles foram contratados pelo responsável pela obra, conhecido como Hélio, que pagava R$ 30, por dia de trabalho.

O dinheiro liberado pelo Ministério da Integração é para a reconstrução de 14 pontes, mas só quatro começaram a ser feitas

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