Agência France-Presse
postado em 08/08/2013 16:15
O "Brasil Nunca Mais Digital", um compêndio com mais de 900.000 páginas que provam as torturas praticadas pela ditadura militar (1964-85) será lançado na sexta-feira (8/8), informou o Ministério Público Federal."É um conjunto de 710 processos de repressão, julgados pelo Superior Tribunal Militar (STM), além de fotos, vídeos e outros materiais que retratam os abusos cometidos durante a ditadura", destacou a entidade em um comunicado.
Este projeto digital está baseado no original "Brasil Nunca Mais", lançado no começo dos anos 1980 pela Arquidiocese de São Paulo e pelo Conselho Mundial de Igrejas. Para tornar esse trabalho possível, foi necessária a repatriação e a digitalização de um acervo preservado na Suíça e nos Estados Unidos, a partir de 2011.
Quase 30 anos se passaram desde o fim do regime militar que durou 21 anos no Brasil e a presidente Dilma Rousseff é uma ex-guerrilheira, que foi presa e torturada combatendo a ditadura.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), ex-operário e padrinho político de Dilma, foi um importante líder sindical durante o regime militar, durante o qual também foi preso.
Já no poder, Lula e Dilma impulsionaram a criação, há mais de um ano, da Comissão da Verdade, destinada a esclarecer os crimes cometidos durante a ditadura.
O Brasil é o único país do Cone Sul em que aqueles que abusaram dos direitos humanos não foram julgados, amparados pela Lei de Anistia de 1979, que beneficiou tanto os perseguidos políticos quanto os repressores.
Oficialmente, a ditadura deixou 400 pessoas mortos e desaparecidos no Brasil. Segundo organismos de direitos humanos, na Argentina foram 30.000 e no Chile, mais de 3.000.