Agência France-Presse
postado em 26/08/2013 14:13
LA PAZ - A Bolívia expressou sua profunda preocupação pela fuga do senador opositor Roger Pinto para o Brasil, onde chegou no domingo depois de ter permanecido asilado por 15 meses na embaixada brasileira em La Paz, informou o chanceler boliviano David Choquehuanca à imprensa.
"Expressamos nossa profunda preocupação pela transgressão do princípio de reciprocidade e cortesia internacional", afirmou Choquehuanca numa nota diplomática enviada a Brasília. Por motivo algum o senador Pinto podia abandonar o país sem salvo-conduto", protestou o chefe da diplomacia boliviana.
Com esse ato, o Brasil "violou os mecanismos de cooperação que existem entre os Estados estabelecidos na Convenção Interamericana da Organização de Estados Americanos e na Convenção das Nações Unidas", acresentou.
Além disso, o chanceler boliviano lamentou "que ao amparo da imunidade diplomática tenham sido transgredidas normas nacionais e internacionais, facilitando a fuga do senador Pinto".
O governo da Bolívia está investigando a forma como o senador da oposição chegou ao Brasil no domingo, informou o ministro do Governo, Carlos Romero.
"Pedimos a revisão das imagens das câmeras de segurança nas cabines de pedágio e os relatórios dos pontos de controle", comentou Romero à emissora Unitel.
Romero não mencionou na entrevista as declarações do diplomata brasileiro em La Paz, Eduardo Savóia, que admitiu nesta segunda-feira (26/8) ter ajudado Pinto a fugir para o Brasil, que havia concedido asilo diplomático a ele.
No entanto, as autoridades bolivianas estão convencidas de que Pinto teria fugido em um veículo oficial da embaixada brasileira.
"Um veículo diplomático não pode ser revistado em nenhum pedágio. Faz parte da jurisdição soberana do país em questão, no caso o Brasil", disse.
A Bolívia espera um comunicado oficial do governo brasileiro detalhando a fuga do opositor, considerado um "foragido". Romero também informou que o governo pediu informações para a polícia local responsável pela segurança externa da embaixada do Brasil, em conformidade com as convenções internacionais.
"A polícia monitora apenas externamente, o anel externo". Por isso, a polícia local "não tem nada a ver com os movimentos que ocorrem no interior (da embaixada)", explicou.
Horas antes, a ministra da Comunicação, Amanda Davila, não descartou que o embaixador brasileiro Marcel Biato tenha colaborado com o senador.
"É possível que isso também tenha acontecido", falou a repórteres. Falando à imprensa brasileira, Eduardo Sabóia admitiu que havia ajudado o senador a fugir para o Brasil. "Escolhi a vida. Escolhi proteger uma pessoa, um perseguido político, como a presidente Dilma (Rousseff) foi perseguida", afirmou o encarregado.
Roger Pinto, que não tinha salvo-conduto da Bolívia para entrar no Brasil, escapou de La Paz em um carro da embaixada brasileira, escoltado por outro automóvel diplomático com militares brasileiros em uma viagem de 1.600 km, durante 22 horas, até Corumbá (Mato Grosso do Sul), na fronteira entre os dois países.
De Corumbá, ele embarcou em um avião para Brasília, onde chegou na madrugada de domingo. Sabóia foi convocado pelo Ministério das Relações Exteriores para dar explicações.
Sabóia disse que decidiu ajudar o boliviano a escapar "porque havia um risco iminente à vida e à dignidade do senador".
O senador "passou 452 dias em um cubículo ao lado do meu escritório (...) Havia uma violação constante, crônica, dos direitos humanos, porque não havia perspectiva de saída, não havia negociação em curso e (Pinto) tinha um problema de depressão que estava se agravando", disse.
"Tivemos que chamar um médico e ele (Pinto) começou a falar de suicídio", completou o diplomata. "Eu me sentia como se tivesse o DOI-Codi ao lado do meu escritório. Um confinamento prolongado e sem perspectivas", contou Saboia.
Roger Pinto é considerado fugitivo pela justiça boliviana depois de ter sido condenado por crimes de dano econômico ao Estado. O senador se refugiou na embaixada do Brasil em La Paz alegando perseguição política depois de denunciar casos de corrupção e de supostos vínculos com o narcotráfico das autoridades.
A investigação deste incidente é de responsabilidade do procurador-geral da Bolívia, que poderá intervir "em nome dos interesses do Estado e da sociedade", já que pesam sobre Pinto acusações de dano econômico ao Estado e corrupção, ressaltou Carlos Romero.
"Expressamos nossa profunda preocupação pela transgressão do princípio de reciprocidade e cortesia internacional", afirmou Choquehuanca numa nota diplomática enviada a Brasília. Por motivo algum o senador Pinto podia abandonar o país sem salvo-conduto", protestou o chefe da diplomacia boliviana.
Com esse ato, o Brasil "violou os mecanismos de cooperação que existem entre os Estados estabelecidos na Convenção Interamericana da Organização de Estados Americanos e na Convenção das Nações Unidas", acresentou.
Além disso, o chanceler boliviano lamentou "que ao amparo da imunidade diplomática tenham sido transgredidas normas nacionais e internacionais, facilitando a fuga do senador Pinto".
O governo da Bolívia está investigando a forma como o senador da oposição chegou ao Brasil no domingo, informou o ministro do Governo, Carlos Romero.
"Pedimos a revisão das imagens das câmeras de segurança nas cabines de pedágio e os relatórios dos pontos de controle", comentou Romero à emissora Unitel.
Romero não mencionou na entrevista as declarações do diplomata brasileiro em La Paz, Eduardo Savóia, que admitiu nesta segunda-feira (26/8) ter ajudado Pinto a fugir para o Brasil, que havia concedido asilo diplomático a ele.
No entanto, as autoridades bolivianas estão convencidas de que Pinto teria fugido em um veículo oficial da embaixada brasileira.
"Um veículo diplomático não pode ser revistado em nenhum pedágio. Faz parte da jurisdição soberana do país em questão, no caso o Brasil", disse.
A Bolívia espera um comunicado oficial do governo brasileiro detalhando a fuga do opositor, considerado um "foragido". Romero também informou que o governo pediu informações para a polícia local responsável pela segurança externa da embaixada do Brasil, em conformidade com as convenções internacionais.
"A polícia monitora apenas externamente, o anel externo". Por isso, a polícia local "não tem nada a ver com os movimentos que ocorrem no interior (da embaixada)", explicou.
Horas antes, a ministra da Comunicação, Amanda Davila, não descartou que o embaixador brasileiro Marcel Biato tenha colaborado com o senador.
"É possível que isso também tenha acontecido", falou a repórteres. Falando à imprensa brasileira, Eduardo Sabóia admitiu que havia ajudado o senador a fugir para o Brasil. "Escolhi a vida. Escolhi proteger uma pessoa, um perseguido político, como a presidente Dilma (Rousseff) foi perseguida", afirmou o encarregado.
Roger Pinto, que não tinha salvo-conduto da Bolívia para entrar no Brasil, escapou de La Paz em um carro da embaixada brasileira, escoltado por outro automóvel diplomático com militares brasileiros em uma viagem de 1.600 km, durante 22 horas, até Corumbá (Mato Grosso do Sul), na fronteira entre os dois países.
De Corumbá, ele embarcou em um avião para Brasília, onde chegou na madrugada de domingo. Sabóia foi convocado pelo Ministério das Relações Exteriores para dar explicações.
Sabóia disse que decidiu ajudar o boliviano a escapar "porque havia um risco iminente à vida e à dignidade do senador".
O senador "passou 452 dias em um cubículo ao lado do meu escritório (...) Havia uma violação constante, crônica, dos direitos humanos, porque não havia perspectiva de saída, não havia negociação em curso e (Pinto) tinha um problema de depressão que estava se agravando", disse.
"Tivemos que chamar um médico e ele (Pinto) começou a falar de suicídio", completou o diplomata. "Eu me sentia como se tivesse o DOI-Codi ao lado do meu escritório. Um confinamento prolongado e sem perspectivas", contou Saboia.
Roger Pinto é considerado fugitivo pela justiça boliviana depois de ter sido condenado por crimes de dano econômico ao Estado. O senador se refugiou na embaixada do Brasil em La Paz alegando perseguição política depois de denunciar casos de corrupção e de supostos vínculos com o narcotráfico das autoridades.
A investigação deste incidente é de responsabilidade do procurador-geral da Bolívia, que poderá intervir "em nome dos interesses do Estado e da sociedade", já que pesam sobre Pinto acusações de dano econômico ao Estado e corrupção, ressaltou Carlos Romero.