postado em 26/09/2013 14:42
Com um discurso em defesa da reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e críticas a medidas unilaterais adotadas por alguns países em situações de crise como a vivida pela Síria, o ex-chanceler Antonio Patriota, foi aprovado com unanimidade, pelo Senado, para assumir o cargo de representante permanente do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU).
Ao deixar o colegiado com o resultado que deve ser confirmado em plenário na próxima terça-feira (1/9), Patriota elencou algumas prioridades de sua atuação em Nova York, lembrando que o governo brasileiro defendeu recentemente a solução para os casos de investigações internacionais. No discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, a presidenta Dilma Rousseff disse que o Brasil vai apresentar propostas para estabelecer um marco multilateral civil para tratar dessas questões.
Patriota explicou que a ideia é definir mecanismos multilaterais para lidar com essas situações, garantindo conquistas já implementadas pelos diversos órgãos das Nações Unidas (ONU) como a soberania e privacidade dos países. O diplomata acredita que a resistência de alguns países, como os Estados Unidos, perdeu força com as denúncias recentes de que o governo norte-americano também espionou as atividades da Petrobras. ;A cortina caiu. Toda espionagem e interferências eram justificadas pelo suposto combate ao terrorismo e proteção de vida. Isso caiu por terra porque você não espiona a Petrobras para proteger contra o terrorismo;, disse.
Durante quase duas horas de sabatina, o diplomata destacou o papel de liderança do Brasil sobre temas prioritários no cenário internacional e lembrou, por exemplo, que o governo brasileiro foi responsável por iniciar o debate sobre a responsabilidade das nações em proteger civis em regiões de conflito. A iniciativa ocorreu em uma crítica à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na situação do Afeganistão que perdurou por quase 10 anos. Apenas no período entre janeiro e junho de 2010, mais de 1,2 mil pessoas morreram em decorrência do confronto, segundo dados da ONU.
;Alguns países acham que tem carta branca para fazer o que entende como moralmente correto. O debate foi lançado;, disse, afirmando que o novo conceito não vai substituir o conceito da responsabilidade de proteger. ;É uma semente que está germinando que vou acompanhar na ONU;.
Patriota disse que outra tarefa que vai levar entre as prioridades na representação na ONU será a defesa pela reforma do Conselho de Segurança do organismo. ;Espero que a reforma se concretize num futuro relativamente próximo. O debate está colocado na pauta há 20 anos;, disse. O diplomata destacou que o Brasil, ainda que não tenha assegurado um assento permanente no conselho, foi responsável por conquistas significativas sobre decisões do grupo. Patriota citou, por exemplo, o esforço feito, ao lado de países africanos e a Índia, para evitar que o colegiado internacional fechasse definitivamente as portas para uma participação permanente de países em desenvolvimento.
;A primeira vitória foi evitar déficit de representatividade que está na ausência de um membro da América Latina e África;, disse. Antonio Patriota ainda explicou que o Brasil ;não está fazendo barganha, em termos de perdoar dívidas de países africanos, para obter apoio para ocupar a cadeira;, afirmando que o Brasil é o candidato natural da região para o Conselho pela liderança que vem destacando em diversos debates internacionais.
Antonio Patriota, 59 anos, foi ministro das Relações Exteriores por dois anos e oito meses, e foi indicado pela presidenta Dilma Rousseff para o ocupar o cargo em Nova York, logo que deixou a pasta, em agosto desse ano. Com 34 anos de carreira diplomática, Patriota serviu na missão permanente do Brasil em organismos internacionais em Genebra, na Suíça (1999-2003) e integrou a delegação brasileira no Conselho de Segurança da ONU (1994-1999).