Agência France-Presse
postado em 29/09/2013 17:37
Roma - O chefe de Governo italiano, Enrico Letta, anunciou neste domingo (29/9) que pedirá um voto de confiança no parlamento na próxima quarta-feira, depois que Silvio Berlusconi levou os ministros de seu partido a renunciar em bloco. "Pedirei a confiança do Senado e da Câmara de Deputados. Se não a obtiver, tirarei minhas conclusões", afirmou Letta em entrevista à tv italiana.
Os ministros do Povo da Liberdade (PDL, centro-direita), o partido do ex-primeiro-ministro Berlusconi, renunciaram no sábado a seus cargos, gerando uma nova crise governamental que o primeiro-ministro considerou como um "gesto louco e irresponsável". Esses ministros consideram inaceitável e inadmissível o ultimato do chefe de governo, Enrico Letta, disse neste sábado um porta-voz do vice-primeiro-ministro italiano, Angelino Alfano, secretário do PDL.
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Na sexta-feira, Letta, farto das ameaças dos deputados do partido do ;Cavaliere;, que há dias ameaçavam renunciar se o senado retirasse a cadeira de Berlusconi por sua condenação de fraude, anunciou que iria pedir o voto de confiança do parlamento.
Também na sexta-feira, o presidente do Conselho exigiu "obter um esclarecimento político [...] no Parlamento entre as forças da maioria" de centro-esquerda e centro-direita, segundo o comunicado. "Não estou disposto a levar adiante sem este esclarecimento [...] Ou colocamos o país e o interesse de seus cidadãos à frente ou paramos esta experiência", alertou Letta, que há cinco meses dirige um governo de coalizão direita-esquerda, que recebeu a confiança dos mercados. Na próxima sexta-feira, uma comissão do Senado votará se Berlusconi mantém ou perde sua cadeira.
Segundo o PDL, este voto é fruto do complô de uma esquerda decidida a acabar com a carreira de Berlusconi, que foi condenado no dia 1; de agosto de forma definitiva a uma pena de prisão de quatro anos (reduzida a um) por fraude fiscal. O magnata das comunicações, de 77 anos, que governou a Itália durante 12 dos últimos 19 anos, escolheu cumprir sua condenação em sua casa de Roma ao invés de realizar trabalhos de interesse geral.
A ameaça dos deputados de Berlusconi de renunciar, o que poderia causar uma crise de governo, gerou duras reações do presidente da República, Giorgio Napolitano, já que o país também poderia ser paralisado, porque ainda não foram aprovados os orçamentos, chave para reativar uma economia em recessão há quase dois anos.
Napolitano, o único que pode dissolver o Parlamento e que aceitou permanecer em seu cargo para garantir o acordo político, pediu aos seguidores de Berlusconi que "respeitem o veredicto" da justiça. A partir de agora, os jogos políticos estão abertos: Letta pode tentar formar um segundo governo contando com o apoio da esquerda. Parece improvável o retorno dos ministros do PDL.
Os mercados podem reagir negativamente à evolução da terceira economia da zona do euro, que tem dificuldades para sair da crise. A maioria que apoia o futuro governo pode ser reduzida, orientada mais à esquerda, o que pode reduzir sua margem de ação frente a uma grande coalizão.