A Comissão de Ética Pública da Presidência da República, que tem por ofício o dever de punir desvios de conduta do alto escalão do governo federal, ainda não se posicionou sobre a utilização pela ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, do único helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Santa Catarina, utilizado prioritariamente para resgate de vítimas graves. Na próxima segunda-feira, o colegiado se reúne, no entanto, não há nenhuma garantia de que o caso será analisado. O Correio mostrou que investigação em andamento do Ministério Público Federal em Joinville apontou 52 acidentes com 73 feridos e dois mortos nas rodovias de Santa Catarina em pelo menos três dias em que Ideli, pré-candidata do PT ao Senado, utilizou a aeronave para visitar suas bases eleitorais e reforçar a imagem pública.
O procurador da República Mário Sérgio Barbosa alega que os fatos investigados até o momento são graves, no entanto, a ministra, que pode ser processada por improbidade administrativa após a conclusão de inquérito civil público, segue totalmente blindada. O Palácio do Planalto silenciou sobre o assunto. Interlocutores da presidente Dilma Rousseff asseguram que Ideli continua intocável. O inquérito, instaurado pelo Ministério Público Federal em Joinville, deve ser concluído em até 20 dias. A Polícia Rodoviária Federal pediu prorrogação do prazo para responder a todos os questionamentos feitos pelos procuradores da República. Eles querem saber detalhes da utilização do helicóptero modelo Bell 407.
O Correio tentou entrar em contato com o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, no entanto, não obteve retorno. A pauta do colegiado prevista para a próxima segunda-feira é fechada ; nem sequer a ata da reunião de outubro foi divulgada. Em julho, um caso bem menos grave mereceu atenção da comissão. O assessor especial do gabinete pessoal da Presidência da República Alessandro Teixeira, flagrado utilizando carro oficial para ir a uma academia de ginástica, foi alvo de análise. Como ocorre quase sempre, o desvio de conduta não mereceu punição. O caso acabou arquivado. No entendimento do presidente do colegiado e relator do processo, Américo Lacombe, o assessor, na época secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), não cometeu falta ética.
A matéria completa está disponível para assinantes. Para assinar, clique