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Politica

Audiência do STF sobre Mais Médicos confirma divergência entre expositores

As opiniões, críticas e sugestões colhidas durante a audiência vão ser levadas em conta durante o julgamento que, segundo o ministro, só deve ocorrer em 2014



Fazendo uma análise estatística, o ministro interino de Assuntos Estratégicos e presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcelo Côrtes Neri, disse que pesquisas do órgão revelam a maior concentração de médicos nas regiões Sul e Sudeste do país. ;Os médicos estão onde está o maior poder aquisitivo, não onde estão as pessoas pobres. Os dados mostram isso com clareza;, disse.

Já o representante da Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e da CNTU, Geraldo Ferreira Filho classificou o Mais Médicos como um ;pacotaço que caiu na cabeça da sociedade brasileira e da categoria [médica];. Para Ferreira, o programa pode levar o país ao ;grau máximo; de precarização do trabalho médico. Ferreira destacou que há tempos a CNTU propõe que seja criada uma carreira médica nos moldes da existente no Poder Judiciário, com ascensão profissional e piso salarial adequados. Ferreira considera que o governo federal optou por contratos temporários de trabalho como forma de resolver um problema de mais de duas décadas.

Na mesma linha, a presidente da Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), Jadete Barbosa Lampert, destacou que o programa proporcionou um bem-vindo debate sobre o modelo de medicina no Brasil, mas que não deixa de apresentar riscos à qualidade dos serviços prestados à população. A Abem rejeitou a Medida Provisória (MP) 621/2013, que instituiu o Mais Médicos, por entender que ela foi produzida sem a participação das entidades de classe que poderiam contribuir para qualificar a iniciativa.